Ela defendeu uma maior integração entre os sistemas públicos e privados de saúde. ; A saúde complementar se preocupa com o Sistema Único de Saúde, que perdeu 19 mil leitos nos últimos anos e, do lado da saúde complementar, perdemos três milhões de beneficiários desde 2015 e isso é ruim para todos, pois esses usuários vão todos para o sistema público, que está sobrecarregado;, disse.
Segundo Vera, 80% dos contratos são coletivos e, atualmente, as operadoras não vendem planos individuais por inviabilidade econômica. ;Quando uma operadora quebra, impacta milhoes de vida;, disse. Se por um lado, o setor perdeu beneficiários nos últimos anos, por outro, houve aumento das despesas assistenciais devido à incorporação de novas tecnologias, ao envelhecimento da população, mais acesso ao sistemas.
Inflação
De acordo com os dados apresentados, entre 2014 a 2018, houve uma redução de 6% no número de usuários, mas o aumento nominal das despesas foi 52% e aumento real (já descontada a inflação), de 21%, no período. ;A quantidade de procedimentos efetuados aumentou 17% e a despesa assistencial, per capta, 28% (já descontada a inflação). ;Esse não é um problema brasileiro, mas mundial;, disse. Entre 2001 e 2018, o reajuste dos planos individuais somou 155%, mas o índice das variações hospitalares cresceu 289% no mesmo período, apontou Vera. ;O custo é 3.4 vezes maior do que os índices gerais de preços;.
Ela explicou que a inflação de saúde é diferente da inflação geral de preços, já que os valores dos serviços, procedimentos e material de saúde são afetados por várias questões, como demografia, tecnologia, acesso aos serviços, aumento da expectativa de vida, entre outros aspectos.
Para Vera, o setor enfrenta vários desafios estruturais. Um deles é a questão demográfica. ;A pirâmide está invertida. Dobrou a população com mais de 60 anos nos últimos anos, uma população que vai precisar de mais cuidados médicos;.
Outra mudança é com relação à expectativa de vida, que aumentou. ;Isso é bom, mas é óbvio que impacta o sistema de saúde, pois é preciso controlar doenças crônicas e o acesso aos planos será feito com mais frequência. Nos últimos 20 anos, a expectativa de vida aumentou, em média, seis anos. Houve alteração também no perfil de tratamentos. De com Vera, houve redução no tratamento de doenças infectocontagiosas e aumento no de doenças crônicas, que requerem tecnologias.
Com relação às novas tecnologias, ;embora seja uma ótima notícia;, na avaliação de Vera, cada vez custam mais é este também é um desafio para o sistema. ;Nenhum sistema está conseguindo absorver esses custos e esta é uma preocupação global;, disse.
Acesso
Uma das soluções que ela aponta é focar mais na atenção primária, como em médicos de família e em prevenção. ;É preciso mudar o foco da doença para a manutenção de saúde;. Para ela, essa mudança podem reduzir em até 80% o uso dos planos.
Ela propõe uma maior segmentação das coberturas oferecidas pela operadoras, além de mais liberdade para a pessoa modular os planos, em temos de acesso e serviços, de acordo com suas necessidades. ;É preciso olhar para novos modelos. Hoje, quem usa mais, ganha mais, o que incentiva o uso e não a qualidade assistencial. A preocupação tem que ser mais no resultado;, disse.
Outra forma para reduzir os custos, de acordo com Vera, é combater fraudes e desperdícios. ;Esse é um desafio global. Não temos os números no Brasil, mas, nos Estados Unidos, os desperdícios correspondem a algo entre 20% e 40%, mas, se estivermos próximos ao número mínimo dos americanos, estamos falando em R$ 30 bilhões anuais;. Segundo ela, só em ressonância magnética, os países da OCDE fazem 82 exames por cada mil beneficiários ao ano, enquanto no Brasil são 162. ;Chama a atenção;, disse.
;Todos têm que fazer sua parte para promover uma mudança cultural na assistência à saúde. O consumidor tem que melhorar o autocuidado, a prevenção e o uso racional do sistema; as operadoras precisam investir em novos modelos, na qualidade, no combate a desperdícios, e em novos modelos de remuneração e em assistência básica; a regulação precisa ser modernizada e o governo tem que fortalecer o SUS para uma coexistência harmônica e cooperativa entre os dois sistemas;, disse.
De acordo com as informações apresentadas por Vera, em sua apresentação, pesquisa elaborada pelo Ibope mostrou que planos de saúdes são o terceiro item de desejo dos brasileiros, depois da casa própria e de educação, e 80% das pessoas que têm planos se dizem satisfeitos. Com relação às reclamações, dos 20 serviços com maior ocorrência, os plano de saúde figuram em 17; lugar. Segundo Vera, a FenaSAúde possui os 15 maiores grupos de operadoras de planos de saúde como associados, que atendem 26 milhões de pessoas, e representa 40% do mercado.