A acusação é grave. Segundo a denúncia, os executivos deliberadamente deixaram de informar o mercado de capitais sobre as multas que a empresa vinha recebendo relativas às fraudes no sistema de emissão de gases dos veículos. Ao não passar as informações, a empresa prejudicou milhares de acionistas, que não sabiam que a VW corria o risco de sofrer punições ; e que, àquela altura, já enfrentava severas sanções financeiras. ;Isso influenciou o mercado de ações da Volkswagen;, disse o promotor do processo.
Em 2015, uma investigação da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos descobriu que a companhia ludibriou testes que detectam a emissão de poluentes. A malandragem consistia em colocar, nos modelos a diesel, um software que ativa o sistema de controle durante os testes oficiais. No uso rotineiro dos veículos, os carros voltavam à normalidade, despejando toneladas de poluentes na atmosfera.
A Volkswagen se pronunciou pouco depois das novas denúncias. Segundo Hiltrud Dorothea Werner, do conselho de administração para integridade e assuntos jurídicos, a empresa está convencida que cumpriu todas as obrigações perante a lei do mercado de capitais. ;Se houver julgamento, estamos confiantes que as acusações são infundadas;, disse a porta-voz da empresa.
Brasileiro
Não se trata de um caso isolado de executivos da indústria automotiva enrolados com a Justiça. Na última segunda-feira, a Comissão do Mercado de Valores dos Estados Unidos (SEC) informou ter entrado com um processo contra o brasileiro Carlos Ghosn, ex-presidente da Nissan, o executivo Greg Kelly e a própria montadora por supostamente sonegarem US$ 140 milhões.
De acordo com as investigações, entre 2009 e até ser preso, em 2018, Ghosn participou de um plano para ocultar, com a ajuda de outros executivos da Nissan, US$ 90 milhões em pagamentos, além de ter tomado medidas impróprias para aumentar sua aposentadoria em US$ 50 milhões.
Em comunicado, a SEC revelou que a Nissan aceitou pagar uma multa de US$ 15 milhões e se comprometeu a deixar de infringir as regras antifraude. Por sua vez, o brasileiro concordou em pagar uma multa equivalente a US$ 1 milhão. A punição de Kelly foi mais branda: multa de US$ 100 mil. Além disso, os dois executivos foram proibidos de exercer cargos de direção nos Estados Unidos por períodos de 10 e 5 anos, respectivamente.