O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou comunicado sobre o quadro na Turquia, com conclusões preliminares após visita oficial de uma equipe sua ao país. Na avaliação da equipe do Fundo, a Turquia continua suscetível a riscos externos e doméstico e a perspectiva para crescimento forte e sustentável no médio prazo é "desafiadora" se não houver mais reformas. Além disso, o país deveria manter os juros até que a inflação perca força.
O FMI diz que os turcos conseguiram crescimento forte em décadas recentes, mas com o aumento de desequilíbrios. O país entrou 2018 com crescimento acima do potencial e um grande déficit em conta corrente. "Esses desequilíbrios contribuíram para a forte depreciação da lira no ano passado e a recessão associada. Uma reação da política monetária, embora "tardia", foi "acompanhada por recessão no segundo semestre do ano e uma forte alta no desemprego", aponta.
Desde então o crescimento voltou, ajudado por estímulos políticos. Impulsionado pela política fiscal expansionária, pelo crédito dos bancos estatais e pela forte contribuição das exportações líquidas, além de um sentimento de mercado mais favorável, a economia turca cresceu no primeiro semestre de 2019, diz o FMI. A equipe projeta que o crescimento neste ano fique em 0,25 ponto porcentual.
A lira tem se recuperado, conforme as pressões do mercado diminuem, também por um "ajuste notável na conta corrente", diz o FMI. A inflação desacelerou e deve ficar abaixo de 14% no fim deste ano.
A calma atual, contudo, parece "frágil", adverte o Fundo, já que o país tem reservas baixas, dívida em moeda estrangeira no setor privado e necessidades "altas" de financiamento externo. O FMI sugere, nesse quadro, uma política monetária restrita para fortalecer a credibilidade do banco central, apoiar a lira e conter a inflação, além do fortalecimento das reservas. Para o FMI, o ciclo de corte de juros no país tem sido muito agressivo, diante das expectativas ainda altas de inflação. A manutenção dos juros ajudaria a ancorar a inflação e as expectativas para os preços, o que apoiaria a lira, permitiria a recomposição das reservas e apoiaria uma reversão no movimento de dolarização da economia, diz o Fundo.