Diante desse quadro favorável, as construtoras se preparam, depois de passarem por um momento de elevada oferta e baixa procura por imóveis. A retomada do setor é visível. Dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que, entre abril e julho últimos, o número de lançamentos no país aumentou 11,8% ante o mesmo período de 2018.
De acordo com o levantamento, foram lançados 30.607 unidades residenciais no segundo trimestre deste ano. Desse total, 21.044 foram construídos no Sudeste e 3.649, no Centro-Oeste. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reúne informações de 20 empresas, registrou 45.085 novos empreendimentos imobiliários de janeiro a junho, sendo 34.011 do programa Minha Casa Minha Vida.
No Distrito Federal, segundo pesquisa da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi) e do Sindicato da Indústria de Construção Civil (Sinduscon), houve aumento de 23,5% nas unidades lançadas no primeiro semestre em comparação ao ano todo de 2018. Mas, segundo o presidente da Ademi-DF, Eduardo Aroeira, como a confiança do consumidor aumentou, os empreendimentos estão sendo insuficientes para atender a demanda. No trimestre encerrado em junho, por exemplo, a oferta caiu em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo o vice-presidente do Sinduscon-DF, Adalberto Valadão Júnior, a velocidade de vendas continua acima de 5%. ;Mesmo com mais lançamentos, temos vendido além do ofertado. Com isso, o estoque está caindo, o que gera uma tendência de alta dos preços;, diz. Por isso, para ele, esse é o momento ideal para comprar um imóvel.
;Tivemos, no DF, mais lançamentos esse ano até o mês de julho do que todo o ano passado. Em termos do volume geral de vendas, que é o valor total de unidades vendidas, em 2018, acumulamos cerca de R$ 1,2 bilhão em vendas, e até julho deste ano, o número chegou a quase R$ 1,3 bilhão;, acrescenta Aroeira. Ele espera que o faturamento na capital alcance o dobro do que foi em 2018.
O diretor da filial de Brasília da Brasal Incorporações, Jean Oliveira, afirma que, entre os lançamentos no DF, a maior quantidade de vendas no ano foi de imóveis localizados no Noroeste. 80% das vendas da empresa em agostos se concentraram no bairro.
Há três meses, o estudante João Gabriel Calixto, 21 anos, se mudou para o Noroeste com a mãe. Foi no bairro que ele conseguiu um imóvel que atendesse as necessidades da família. ;Faltam bons apartamentos em outros lugares de Brasília,;diz. Marcelo Vasconcelos, 45, é empresário do ramo da beleza e tinha um empreendimento no Lago Sul quando decidiu abrir um outro no Noroeste. ;A gente observou o movimento de um bairro novo e planejado sendo comentado pelos nossos clientes. E, quando percebemos que havia a carência de alguns serviços, decidimos fazer uma visita ao bairro e gostamos de lá;, explica.
Recomendações
Apesar da queda dos juros, quem deseja comprar imóvel precisa tomar alguns cuidados. ;Quando adquirimos uma casa, estamos pensando em uma compra de médio e longo prazos, portanto, é importante conseguir um bom negócio para não se endividar além da conta;, afirma o coach financeiro, Silvio Bianchi. Segundo ele, um imóvel é um ;incorporamento de uma dívida por um período de até 30 anos no orçamento;. ;É preciso um cuidado adicional, é necessário fazer uma análise para se arcar com esse custo;, explica.
;As taxas de juros estão baixando e isso é um ponto interessante. A questão é o tempo de pagamento. Porque, no final, o comprador que pagaria o valor de duas casas, pagará uma casa e meia;, diz. De acordo com o especialista, é preciso ter reservas para situações emergenciais, caso a fonte de renda fique comprometida por algum período, sobretudo com desemprego.
* Estagiários sob supervisão de Rozane Oliveira
Retomada à vista
No 2; trimestre de 2019, os lançamentos imobiliários apresentaram aumento de 11,8% em relação ao mesmo trimestre de 2018
Unidades lançadas
No país
2014 76.259
2015 63.955
2016 69.803
2017 82.508
2018 100.405
2019 45.085*
* Até junho
; No primeiro semestre, 10.933 lançamentos são imóveis de médio/alto padrão e 34.011, do programa Minha Casa Minha Vida.
No DF
2016 706
2017 1.001
2018 1.761
2019 2.175
; De acordo com dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), a Região Centro-Oeste (3.649) só perde em unidades lançadas para a Sudeste (21.044).
Fique atento!
Com os juros mais baixos e uma maior demanda por imóveis, especialistas apontam os principais cuidados na hora de adquirir um imóvel
; Faça simulações das taxas de júros em bancos públicos e privados.
; Pesquise a construtora, veja o histórico e quantos edifícios foram entregues. Veja também se existem queixas, tanto nos sites de internet quanto no Procon.
; Pesquise as várias opções de compra. Essa procura faz com que o comprador faça uma melhor escolha, pois o mercado está ofertando bastante.
; Verifique se o imóvel está registrado em cartório. Isso é obrigatório por lei tanto em vendas na planta, quanto em imóveis prontos.
Fontes: Abrainc/Fipe; IBGE, Cbic e especialistas