Nesta terça-feira, o litro de gasolina mais caro encontrado foi na Asa Norte, pelo preço de R$ 4,41, e o mais barato em Taguatinga, por R$ 4,07. Ainda assim, os consumidores temem uma elevação de preços e, para quem utiliza o automóvel como ferramenta de trabalho, essa instabilidade significa insegurança. O motoboy Idelbrando de Sousa, 42 anos, morador do Valparaíso, disse que esperou para ver se o preço baixava, mas quando chegou no posto se deparou com um preço R$ 0,20 mais caro que no dia anterior. "Estou colocando aos poucos e a noite vou procurar um [posto] mais em conta", afirmou.
O motorista de aplicativo Matheus Alves, 23, morador do Gama, disse que viajou para outra cidade na sexta-feira passada e voltou com a gasolina R$ 0,40 mais cara, o que dá muita diferença no fim das suas corridas diárias. ;Estou abastecendo sempre que vejo um lugar mais barato só para não ficar na mão;, lamentou.
"O aumento nos preços de gasolina do Distrito Federal não tem relação direta com o ocorrido na Arábia Saudita", afirmou Paulo Roberto Corrêa Tavares, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis) após dois dias de variação nas bombas da capital federal.
Tavares explicou que a variação se deu em virtude de as refinarias terem aumentado preços para as distribuidoras e repassados aos revendedores em agosto deste ano com o valor mais alto. Segundo ele, o combustível poderia ter aumentado para até R$ 4,59. Porém, devido à competição entre os postos, os donos mantiveram o preço e, de certa forma, até reduziram poucos centavos. Entretanto, por conta da baixa no estoque e aumento no preço para o revendedor, os donos dos postos tiveram que recompor suas reservas por um preço mais elevado. ;E mesmo assim, promoções não duram muito tempo;, afirmou.
O presidente do Sindicombustíveis afirmou que desde quarta passada os postos começaram a recompor seus preços, e acabou tendo coincidência com o ocorrido na Arábia Saudita, mas, segundo ele foi apenas uma eventualidade. "Aí há um reboliço na cidade porque as pessoas pensam que uma coisa tem a ver com a outra, mas não tem", garantiu.
[SAIBAMAIS]Sobre a questão do etanol ser uma alternativa, Tavares apontou que a alíquota desse combustível é muito alta, e por isso não é tão vantajoso. "Creio que o etanol seja uma das melhores saídas para o consumidor abastecer gastando menos, porém, se houver uma demanda muito alta do produto, também poderemos ter aumento de preços. Lei da oferta e procura", disse.
Tavares ainda afirmou que o setor depende de uma política de preços melhor ajustada pelo governo federal para definir tabelas. Eles aguardam a posição da Petrobras e uma possível intervenção do executivo federal após os fatos ocorridos.
Interdição em postos
No primeiro semestre deste ano, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizou 1.654 autos de infração, 526 autos de interdição e 118 autos de apreensão em postos de gasolina. A agência faz ações de campo para confirmar essas suspeitas e, quando constata a prática de preços abusivos, atua em conjunto com os Procons para penalizar os infratores. As denúncias podem ser feitas pelo 0800 da ANP: 0800 970 0267.
* Estagiária sob supervisão de Leonardo Cavalcanti
* Estagiária sob supervisão de Leonardo Cavalcanti