O dólar chegou a cair para R$ 4,04 na manhã desta sexta-feira, mas o tom de cautela prevaleceu à tarde antes de uma agenda agitada na semana que vem, com reuniões de política monetária de nove bancos centrais ao redor do mundo, incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Brasil. Operadores ressaltam ainda que o alerta emitido pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre os riscos de descumprimento da meta fiscal deste ano, publicado pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, nesta tarde, também não repercutiu bem nas mesas de câmbio, em meio às dúvidas sobre como o governo vai conseguir arrecadar mais com o presidente Jair Bolsonaro vetando a volta da CPMF. O dólar à vista fechou em alta de 0,66%, a R$ 4,0865.
Na semana, o dólar acumulou alta de 0,16% no mercado à vista, mas no mês recua 1,35%. Após o Banco Central Europeu (BCE) anunciar um pacote de estímulos mais forte que o esperado pelo mercado, e ainda alertar para a necessidade de estímulos fiscais, aumentou a expectativa nas mesas de operação sobre o que os banqueiros centrais podem definir e sinalizar na próxima semana.
"O Federal Reserve deve cortar os juros em 0,25 pontos na semana que vem, mas os bons indicadores e a redução dos riscos podem tornar o BC americano menos 'dovish'", avaliam os estrategistas do banco inglês Barclays. O Bank of America Merrill Lynch também espera um corte de 0,25 ponto e ressalta que um dos maiores termômetros do que vem pela frente é o gráfico de pontos, que reúne as previsões de todos os dirigentes para as taxas de juros e pode sinalizar se haverá cortes mais ou menos intensos nos próximos meses.
"Com a incerteza, os investidores querem passar o final de semana confortáveis, ou seja, comprados em dólar", disse o responsável pela a área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Ele ressalta que a moeda americana ganhou força na tarde desta sexta no mercado internacional, o que também pressionou as cotações aqui. O dólar operava misto ante emergentes no final da tarde, subindo na Turquia e Indonésia e caindo na Argentina e Rússia.
A sinalização de avanços nas conversas comerciais entre os Estados Unidos e China ajudou o dólar a bater nas mínimas da semana, R$ 4,02. Mas a avaliação dos estrategistas do banco americano Citi é que, apesar da relativa calmaria desta semana, os principais riscos persistem no cenário mundial e podem pressionar ainda mais as moedas de emergentes. O Citi não vê chance de um acordo comercial final entre as duas maiores economias do mundo antes das eleições presidenciais americanas de novembro de 2020.
Em outras frentes, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, está longe de acabar, ressaltam os estrategistas do Citi. Nos bancos centrais, os estímulos monetários podem ajudar, mas os governos podem precisar de mais medidas, sobretudo fiscais. Outra frente de preocupação para o Citi é a China, com medidas de estímulo para a atividade que são positivas, mas não devem reduzir o temor de desaceleração da economia.