Jornal Correio Braziliense

Economia

BC pretende reduzir compulsório de bancos

Presidente do Banco Central aposta que país ganhará fôlego no quarto trimestre deste ano. Para destravar o crédito, a autoridade monetária pretende diminuir o volume retido das instituições financeiras, que hoje somam R$ 400 bilhões



A economia brasileira, apesar de fragilizada, ainda vai apresentar resultados expressivos em 2019, garantiu o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Para ele, o último trimestre deste ano será crucial para que a produtividade nacional volte a crescer e ganhe um fôlego em relação ao momento atual, considerado o ;pior; pelo chefe da autoridade monetária.

Ontem, durante o seminário Agenda do Brasil para Crescimento Econômico e Desenvolvimento, organizado pela Americas Society/Council of the Americas (AS/COA) e realizado em Brasília, Campos Neto admitiu que o país poderia ter apresentado resultados melhores neste ano. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto recuou 0,2% entre janeiro e março e cresceu 0,4% entre abril e junho. Para o presidente do BC, os indicadores ficaram abaixo do esperado.

;O crescimento (da economia) está aquém do que nós gostaríamos. Mas temos, na margem, uma recuperação pequena. Acreditamos que estamos passando pelo pior momento e vamos começar a crescer no segundo semestre, mais provavelmente no quarto trimestre;, afirmou.

O presidente do BC voltou a frisar a intenção de promover uma ;redução estrutural da necessidade de depósitos compulsórios;, prática na qual a autoridade monetária retém parte do dinheiro da economia por meio dos bancos comerciais.

Segundo ele, ;o Brasil tem, atualmente, um volume de compulsório alto, em torno de R$ 400 bilhões;. Portanto, a ideia é criar duas novas linhas de crédito para as instituições financeiras, mediante uma Assistência Financeira de Liquidez (AFL), o que permitirá ;reduzir bastante; os compulsórios, nas palavras de Campos Neto. Como consequência, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) subiu, impulsionada por ações de bancos (veja matéria abaixo). ;Estamos em um processo de se reinventar com o dinheiro privado;, frisou.

Empenho

Campos Neto disse ainda que o BC está empenhado em garantir o crescimento sustentável do país, tanto que tem a inflação controlada e ;bastante ancorada no curto, no médio e no longo prazos;. Também frisou que a autoridade monetária segue vigilante quanto à taxa básica de juros (Selic), e que se necessário, uma nova redução pode ser feita ; em julho, o indicador foi reduzido de 6,5% para 6% ao ano, a mínima histórica. ;Os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação, e a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo;, explicou.

Mas assim como reduzir a Selic, ele avaliou que o Banco Central deve priorizar a diminuição do custo de crédito, especialmente o imobiliário. ;Temos dito, enfaticamente, que não estamos contentes com a queda do custo de crédito quando comparamos com o que aconteceu com a Selic. Tem trabalho grande para ser feito aí, como criar um mecanismo onde o mercado possa se securitizar para que os mesmos recursos possam entrar e sair no sistema imobiliário, gerando um maior dinamismo, por exemplo;, explicou.

Além de Campos Neto, ministros do governo Bolsonaro discursaram no evento, como o da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro; a da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina; o de Relações Exteriores, Ernesto Araújo; e o da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Marcos Pontes.