Jornal Correio Braziliense

Economia

Indicador de bem-estar financeiro aponta que brasileiros não sabem poupar

Pesquisa indica que jovens são os que menos conseguem chegar ao fim do mês com alguma reserva ou cobrir imprevistos

Sete em cada 10 pessoas não estão preparadas para imprevistos financeiros. Essa é a realidade mostrada na pesquisa realizada em agosto pelo Indicador de Bem-Estar Financeiro. A pesquisa também indicou que a população acima de 50 anos é a que tem melhor controle nessa questão.

A pesquisa ainda sinaliza outra realidade preocupante: 60% dos brasileiros chegam ao fim do mês sem sobras de dinheiro; 29% conseguem, às vezes, fazer uma reserva; e apenas 10% guardam sempre ou frequentemente alguma quantia. Já 22% temem que o dinheiro não dure. Comparado a julho, o índice cresceu 0,9 ponto.

Para o educador financeiro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) José Vignoli, tradicionalmente o brasileiro não se planeja financeiramente. Segundo ele, é somente quando vem o imprevisto que as pessoas se dão conta disso. ;As pessoas reclamam que não têm recursos, mas nunca pensaram em ter uma reserva. Quando tem uma renda maior, não reservam uma poupança, então quando tem o imprevisto surge essa dificuldade;, afirmou.

Com isso, várias dificuldades são apontadas. Segundo o levantamento, 61% dos entrevistados não aproveitam a vida como gostariam por administrar mal o dinheiro; 57% não planejam ações para garantir futuro financeiro, 31% não conseguem viver plenamente em razão de sua condição financeira e 43% afirmam que nunca ou raramente poderiam dar um presente ; seja de casamento, aniversário ou em alguma outra ocasião especial ; sem prejudicar as finanças do mês.

Para se preparar para o futuro, Vignoli dá a dica: é preciso colocar todas os gastos num papel ou aplicativo. "Somente quando a pessoa tem noção de quanto ganha e quanto gasta é possível fazer uma projeção financeira e se não tiver dinheiro para poupar, não deve gastar com nada de extra", avaliou.

O educador afirma que não é preciso deixar de fazer as coisas que sempre faz como sair, ir a um show ou tomar um chope, mas essas necessidades não devem ser feitas todos os fins de semana, por exemplo. "Tudo é questão de equilíbrio. Deve-se viver dentro das condições financeiras. Não é porque meu colega faz que eu farei também", disse.

Siga as dicas do educador financeiro:

  • Assim que receber o salário guarde uma parte dele imediatamente e o que sobrar você gasta, passou disso, acabou;
  • Utilize as verbas disponíveis para as atividades destinadas. Por exemplo, se você tem um valor para gastar com almoço, gaste somente com o almoço e somente esse valor, não extrapole com lanches ou doces;
  • Leve comida de casa. "Não precisa ter vergonha, você está poupando para seu futuro."
  • O ideal é começar a organização do zero. No primeiro mês vai andar meio torto, o segundo melhora e o terceiro está bem tranquilo;
  • Mesmo que haja uma situação que não consiga o valor de todos os meses, guarde o mínimo;
  • Acredite que o tempo passa e aquele dinheiro que você está guardando hoje vai render a longo prazo.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca