Jornal Correio Braziliense

Economia

Recurso para abater o deficit



Abater o rombo nas contas públicas e fazer a rápida reposição das verbas bloqueadas para despesas não obrigatórias, em setores estratégicos. Esses devem ser os destinos para os recursos que a União arrecadará com os leilões da área do pré-sal em novembro. A partir da aprovação da cessão onerosa pelo Congresso, na terça-feira, parte desses recursos serão destinados a estados e municípios. Para especialistas, a boa destinação desses recursos, poderá resultar em atração de investimentos e fazer a economia andar.

;A prioridade número um desse dinheiro é diminuir o deficit primário;, destaca o economista Raul Velloso, ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento. Há um ;desespero;, disse, em todas as esferas do poder por dinheiro. Por isso, ele tem que ser muito bem empregado. ;O governo não vai conseguir pagar a dívida com montante tão reduzido, mas, com essa medida, mostrará que sabe administrá-lo. Será uma sinalização de equilíbrio para os investidores;, afirmou.

Alex Agostini, economista-chefe da Agência Austin Rating, destaca que é fundamental observar a destinação legal da arrecadação com a cessão onerosa. Como o governo ainda não divulgou o que vai fazer, ele aponta que a expectativa do mercado é de que parte do dinheiro seja para reduzir o rombo nas contas públicas e outra parte vá, efetivamente, para as despesas não obrigatórias (emissão de passaporte, Farmácias Populares, Bolsa Família e outros programas sociais que distribuem renda e incentivam a circulação de dinheiro) que não podem ser descontinuadas.

;Assim, evita-se novos contingenciamentos. É um dinheiro que vai ajudar, ainda que pouco, a alcançar a meta do resultado primário e mostrar para o mercado que há uma preocupação em não paralisar a economia;, defendeu Agostini.

Na opinião do economista Geraldo Biasoto ;é hora de cobrir os buracos;. ;O total que vai chegar é como um pingo d;água no oceano para União, estados ou municípios. Mas a falta de dinheiro para bolsas no CNPq e Capes, por exemplo, paralisa ações cruciais em laboratórios de pesquisa fundamentais para a sociedade; afirmou.