Cláudia Dianni, Cristiane Noberto*, Catarina Loiola*
postado em 05/09/2019 06:00
Com arrecadação de R$ 125,4 bilhões, o setor de seguros cresceu 8,4% no primeiro semestre, um resultado que chama a atenção diante da minguada expansão do Produto Interno Bruto (PIB), de 0,7%, entre janeiro e junho. Os valores não incluem receitas com o DPVat e saúde complementar. O resultado reflete, principalmente, o aumento de 9,3% no segmento de seguro de pessoas e de 5,5% no de danos e responsabilidades. Outra explicação para o resultado são os números de junho, quando a receita somou R$ 21,9 bilhões, 15,6% a mais do que o mesmo mês do ano passado. Já o ramo de automóveis, a principal carteira de seguros de propriedade, teve queda de 0,7% no semestre.Para Márcio Coriolano, presidente da Confederação das Seguradoras (CNseg), uma das explicações para o resultado é que o setor de seguros é pró-cíclico, ou seja, quando a economia vai bem, as empresas produzem mais e contratam seguros. ;Por outro lado, quando a economia vai mal, as pessoas tendem a querer mais proteção;, afirma. No entanto, ele admite que o resultado do semestre está influenciado pela comparação com uma base muito deprimida dos seis primeiros meses de 2018, quando o setor encolheu 4,2%.
As razões da expansão e os desafios do setor estão sendo debatidos no Conseguro 2019, nesta quarta-feira (4/9) e quinta-feira (5/9), em Brasília. O Congresso foi aberto pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso e pela presidente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, além de outros especialistas.
De acordo com Solange, o mercado de seguros possui como pilares de desenvolvimento a concorrência, a cobertura, a credibilidade e a tecnologia. ;É preciso acreditar no futuro e imaginar uma nova forma de trabalhar nos novos mercados;, afirmou a presidente da Susep. Entre as inovações realizadas pela superintendência estão a apólice eletrônica e o Sandbox regulatório, em consulta pública até o fim de setembro. ;Estamos avançando rápido e não podemos perder o timing.;
Segundo Solange Vieira, o setor responde por 6,6% do PIB e é instrumento de apoio de políticas públicas e para o desenvolvimento econômico. ;Por que não se pode pensar o seguro-desemprego como um produto privado? Estamos falando de cerca de 1% do PIB, numa gestão que, certamente, poderia ser mais eficiente;, disse, ao se referir aos espaços ocupados pelos seguros nos setores público e privado.
Desde março, quando assumiu a gestão da Susep, ela formulou três decretos para reorganização da estrutura. Um deles é a Circular 592, publicada em 29 de agosto, que permite a comercialização de seguros por prazo definido ou intermitente, ou seja, as seguradoras podem produzir seguros com duração limitada ou que tenham prazo interrompido. A regulamentação do serviço já é oferecido nos Estados Unidos e Europa.
A presidente da Susep defende que empresas ineficientes sejam retiradas do mercado, pois ;contaminam o setor;. Segundo ela, outras medidas adotadas se referem a práticas e condutas, transparência na taxa de corretagem, redução do número de empresas sob regimes especiais e, como medida cautelar, suspensão das atividades de assistência financeira de seguradoras. ;As pessoas não podem se sentir enganadas na venda de produtos. Tivemos problema com uma seguradora, suspendemos a operação e ainda estamos tomando as devidas medidas;, disse.
* Estagiárias sob supervisão de Cláudia Dianni