O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, acredita que o crédito deve manter o crescimento de dois dígitos "baixos" para as pessoas físicas, em linhas como crédito pessoal, financiamento imobiliário e para veículos. Mas na pessoa jurídica, sua expectativa é de um crescimento "pífio".
"Não adianta, enquanto não houver demanda, crescimento da economia e mudança no sentimento em relação ao crescimento do País, as empresas não vão tomar crédito", afirmou após palestrar em evento promovido pela Febraban sobre prevenção e lavagem de dinheiro.
A avaliação de Lazari é de que todos estão decepcionados com o ritmo de expansão da atividade econômica este ano, mas que o último trimestre de 2019 pode ser utilizado para entrar em 2020 com crescimento. "Todos nós estamos decepcionados com o crescimento da economia, esperávamos que o País pudesse crescer 2% a 3% este ano e vamos crescer no máximo 1%", pontuou. Para ele, o fato de a expansão ter ficado aquém do que se estimava em 2019, não chega a comprometer a atividade do próximo ano. "De toda a forma, o cenário está mais para que 2021 seja melhor do que 2020, mas podemos aproveitar o último trimestre do ano para entrar em 2020 com crescimento, que não precisa ser alto, se crescermos entre 2% a 3% no ano que vem está ótimo."
Sobre a reforma tributária, especificamente às propostas envolvendo tributação sobre dividendos e lucros, Lazari ponderou ser preciso olhar seu resultado como um todo. "Todas as propostas de reforma tributária têm pontos positivos e negativos. É preciso ter sabedoria para fazer o casamento das propostas de modo a se chegar a um resultado em que sejam atendidas questões relevantes para o País, como a manutenção de um nível adequado de arrecadação ao governo federal para resolver o problema fiscal, mas ao mesmo tempo destravar economia do Brasil, em termos de burocracia e redução na quantidade de impostos para as empresas", comentou.
Lazari defendeu ainda ser cedo para apostas em produtos de financiamento imobiliário com base no IPCA. "Precisamos ter um horizonte de longo prazo de controle de inflação muito mais latente", comentou ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, após participar de evento da Febraban sobre prevenção à lavagem de dinheiro.
Na sua avaliação, qualquer descolamento da inflação, se houver um comprometimento de renda muito alto, por exemplo, em torno de 30%, o cliente passa a ser um grande candidato a virar inadimplente.
Por isso, segundo Lazari, o produto estará, mas não será de prateleira na carteira de opções de financiamento imobiliário do Bradesco. Se algum cliente pedir e o crédito representar um comprometimento em torno de 10% a 15% de sua renda, e ele quiser tomar todos os riscos que são inerentes ao financiamento, faremos. Mas não será um produto de prateleira diário nosso, continuaremos trabalhando na taxa mais TR", explicou.