O grande jato está pronto, na Base Aérea de Anápolis, brilhando nas cores fortes da camuflagem padrão da Força Aérea - que recebe nesta quarta-feira, 4, às 11 horas, o primeiro dos 28 cargueiros KC-390 que encomendou e ajudou a desenvolver na Embraer Defesa e Segurança (EDS). O presidente Jair Bolsonaro vai à solenidade. A aeronave FAB 2853 é a quarta unidade do pacote - as duas primeiras são protótipos e a terceira é dedicada à campanha de testes. O contrato envolvendo a fase de projeto e execução saiu por US$ 2 bilhões. O compromisso de compra é de R$ 7,2 bilhões.
O KC-390 deve agitar o mercado dos transportadores militares. Na faixa de até 26 toneladas de carga, o maior concorrente é o turboélice americano Hércules C-130J, um quadrimotor de muitas versões em uso por 17 países. O produto da Embraer é todo novo: fez sua decolagem inaugural em 2014, tem alcance na faixa dos 2,7 mil km com 23 toneladas a bordo, e é mais rápido, voando em velocidade de cruzeiro a 861,18 km/hora.
Até 2030, a procura internacional estimada para esse perfil de avião é de 700 cargueiros, excluídas as demandas de EUA, China e Rússia - bolo de US$ 50 bilhões do qual o Brasil quer um bom pedaço.
A primeira venda externa foi anunciada em agosto. O governo de Portugal comprou cinco KC-390, mais um simulador de voo e 12 anos de manutenção na Europa. Vai pagar cerca de US$ 918 milhões. As entregas serão entre 2023 e 2027.
O presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider, acredita que o KC-390 "repetirá a história de sucesso de outros produtos que concebemos em conjunto com a FAB, desde o histórico Bandeirante, o Tucano e o Super Tucano, até os aviões de vigilância e inteligência, provocando um efeito multiplicador que beneficia toda a indústria brasileira".
Além da transação com Portugal, há declarações preliminares de interesse dos comandos da aeronáutica da Colômbia e do Chile.
Marcas. O transportador tático da EDS mede 35 metros de comprimento. A envergadura das asas tem outros 35 metros e a altura máxima supera os 11 metros. Desde que começaram as operações de voo, para ensaios e testes, a permanência no ar superou as 2 mil horas - "uma taxa sem precedentes", enfatiza Jackson. Equipado com sistemas eletrônicos e digitais avançados, pode operar em condições de extrema rusticidade, em pistas não pavimentadas ou de piso irregular, com buracos e desníveis. O jato é a maior aeronave fabricada pela EDS.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.