Jornal Correio Braziliense

Economia

Hambúrguer de planta chega ao fast-food

Burguer King passa a oferecer opção que não leva carne, feito pela Marfrig e ADM, e espera capturar também clientes que querem diversificar o cardápio com opções menos calóricas



São Paulo ; No país que não abre mão de comer um churrasco ou que festeja o mais trivial dos pratos ; arroz, feijão, bife e batata frita ;, as opções de origem vegetal começam a ensaiar passos mais consistentes e têm contato com a participação das grandes empresas.

A operação brasileira do Burger King lançou, ontem, um sanduíche de hambúguer de planta, desenvolvido com exclusividade a partir de uma parceria entre as companhias Marfrig Global Foods e Archer Daniels Mindland Company (ADM), anunciada no mês passado.

A receita do Rebel Whopper, como foi batizado, é mantida em segredo. Sabe-se que leva soja não-transgênica, mas há outros ingredientes que tornam o hambúrguer 20% menos calórico em relação ao produto tradicional da marca, feito com carne bovina, 34% menos gorduras totais e livre de colesterol. O preço será o mesmo de outras opções do cardápio da rede de lanchonetes, R$ 29,90 (com batata frita e refrigerante), mas para chegar a esse valor foi preciso reduzir a margem, já que seu custo é mais alto.

O novo sanduíche foi apresentado a jornalistas pelos executivos do Burger King e da Marfrig na loja da Avenida Juscelino Kubitschek (Zona Sul de São Paulo), que terá a exclusividade do produto até o dia 10. A partir dessa data, a novidade começa a ser vendida em todas as 75 unidades da cidade de São Paulo. Em outubro, o novo produto chegará ao mercado do Rio de janeiro e os pontos de venda paulistas. Em novembro, todas as lojas do país passam a comercializar o Rebel.

Uma ação de divulgação nas redes sociais prometeu dar Rebel Whopper de graça para as primeiras 100 pessoas que chegarem à lanchonete. Ontem, na estreia da promoção, os primeiros clientes começaram a chegar à loja a partir das 4h30. Além de terem sido animados por influenciadores digitais, na hora da abertura das portas do restaurante foram recebidos por uma drag queen, reforçando a irreverência que a marca costuma mostrar em seus anúncios.

Mas, por que uma marca conhecida por seus hambúrgueres de carne resolveu fazer esse tipo de aposta? Iuri Miranda, CEO do Burger King Brasil, explica que essa é uma forma de acompanhar novos hábitos dos consumidores e buscar agregar outros perfis de clientes. O executivo acredita que poderá agradar ao paladar não só dos vegetarianos (desde que peçam para tirar o queijo do sanduíche) até consumidores que seguem religiões que não permitem o consumo de alguns tipos de carne.

Como a grelha de preparo do Rebel Whopper é a mesma dos sanduíches feitos com carne, talvez o maior apelo seja mesmo para quem quer dar um tempo no consumo de produto de origem animal uma vez por semana, por exemplo, ou entre aqueles que estão de olho na balança e buscam alimentos com menos caloria. Como admite Miranda, será um produto para atender a um nicho, ao menos em um primeiro momento. Mas depois poderá ganhar espaço.

Investimento

Prova do tamanho da aposta do Burger King no hambúrguer de planta é que o investimento da marca em marketing será 50% maior do que foi investido até agora em outras campanhas da companhia. O valor não é revelado.

Serão utilizados na campanha mídia impressa, redes sociais e TV. No primeiro filme, com depoimentos espontâneos, os clientes se mostraram surpresos ao saber que a carne, na realidade, era uma receita à base de plantas. Um deles perguntou: ;Onde vocês plantam essas carnes?;. Outro ironizou, ao dizer que ia "regar todas as samambaias da minha mãe a partir de hoje".

Pesquisa feita pela companhia em mercados como o dos Estados Unidos, China e Inglaterra, mostra que o brasileiro é o que está mais propenso ao consumo desse tipo de produto (69% disseram que, muito provavelmente ou provavelmente, provariam essa receita), bem à frente do segundo lugar, com 41%. No Burger King dos EUA, a opção de hambúrguer verde já existe.

Ariel Grunkraut, diretor de marketing e vendas do Burger King Brasil, diz que esse é um produto sustentável e mais leve e está em linha com o novo comportamento do consumidor que vem sendo observado no Brasil e em outros grandes mercados, não apenas com o crescimento do número de vegetarianos, mas também daqueles que são apaixonados por carne, mas que também gostam, em alguns momentos, de trocar por outra opção que não necessariamente tenha a proteína animal.

;Se quiser um dia reduzir o consumo de carne, ele vai buscar algo com mesmo sabor, textura e suculência;, diz Grunkraut. Hoje, a rede de lanchonetes já tem um sanduíche feito com vegetais, mas que não tem a mesma proposta de parecer com um hambúrguer.