Em evento que contou com a presença do presidente da Ford para a América do Sul, Lyle Watters, do presidente do conselho de administração da Caoa, Carlos Alberto Oliveira Andrade, e do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), foi informado que o negócio deverá ser concluído no prazo máximo de 45 dias. O valor não foi informado, mas estima-se que será algo em torno de R$ 1 bilhão, piso necessário para que a operação receba os benefícios fiscais do programa estadual IncentivAuto, que inclui isenção de 25% do ICMS.
;Há pouco mais de quatro meses iniciamos entendimento após visita da Ford, que dizia que a marca havia tomado decisão mundial estratégica da companhia que afetaria a fábrica de São Bernardo;, disse Doria. ;O governo ajudou a buscar comprador, que necessariamente deveria preservar os empregos ali existentes. Agora, temos um bom entendimento entre as partes. Será feito em duas etapas. Temos nos próximos 35 a 45 dias o processo de due dilligence (diligência prévia). A opção de compra será confirmada ao fim desse prazo;, disse Doria.
Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, o anúncio da compra da fábrica não saiu por que Carlos Alberto Oliveira Andrade, o Caoa, só fechará o negócio se receber também algum apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Sem o financiamento, a operação corre o risco de não sair.
Embora o projeto da Caoa para a unidade não tenha sido apresentado, a empresa deverá assumir no complexo do ABC Paulista a produção de caminhões da Ford e, muito provavelmente, investir também em uma linha de montagem de automóveis.
Se a transação for confirmada, é certo que a Caoa considerará a possibilidade de produzir no local automóveis da marca chinesa Chery. Além de carros a combustão, a Caoa pretende nacionalizar a fabricação de veículos elétricos da Chery.
Atualmente, o grupo opera as fábricas de Jacareí (SP), onde são montados os compactos Caoa Chery QQ, Tiggo 2 e Arrizo 5, e Anápolis (GO), responsável pela linha dos SUVs Caoa Chery Tiggo 5X e Tiggo 7, além dos Hyundai ix35 e Tucson. Nessas duas fábricas ocorre apenas a montagem dos veículos em sistema CKD. ;Nossa intenção é lançar três carros em Anápolis e ter outra marca em São Bernardo;, disse Oliveira Andrade.
A Caoa Chery tem conquistado espaço expressivo no mercado brasileiro. Desde o ano passado, as vendas do grupo cresceram 250%. Trata-se de um desempenho surpreendente diante do preconceito que os brasileiros sempre tiveram por automóveis chineses. Em entrevista publicada nesta terça-feira (3/9) nos Diários Associados, Mauro Correia, presidente da Caoa, afirmou que o preconceito não existe mais. ;Já estamos superando marcas que estão há 18 anos no mercado brasileiro;, afirmou o executivo. ;Isso mostra que a aversão ao carro chinês vem desaparecendo;.
Um dos pontos sensíveis para o fechamento do acordo diz respeito à recontratação de pelo menos parte dos 3 mil funcionários demitidos pela Ford. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC afirma que, atualmente, 600 trabalhadores estão ativos na fábrica. Estima-se que, na fase inicial do projeto, a Caoa deverá contratar pelo menos 750 funcionários.
A Ford foi a primeira montadora americana a abrir uma planta no Brasil. Inaugurada em São Bernardo do Campo em 1967, a fábrica produziu modelos icônicos como Corcel, Del Rey, Escort e Ka. Em 2001, passou também a produzir caminhões.