No primeiro pregão do mês sem o norte dado pelos mercados acionários em Nova York, fatores técnicos se alinharam aos fundamentos e pesaram na tomada de decisão dos investidores nesta segunda-feira. O Ibovespa, que abriu a sessão de negócios em alta e nessa direção permaneceu durante a manhã sucumbiu na passagem para a tarde e encerrou em baixa de 0,50%, na mínima, aos 100.625,74 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 9 bilhões, bem abaixo da média.
"Nesta segunda os movimentos do Ibovespa são mais explicados por regulamentos do que por fundamentos", afirmou Julia Monteiro, analista-chefe da área de research da Um Investimento, explicando que houve ajustes de posicionamentos dos investidores, que mudaram suas carteiras no primeiro dia em vigor da nova composição do Ibovespa. "Houve muitas trocas nas carteiras de fundos", disse.
Julia, entretanto, ressaltou que o movimento ocorre em uma conjuntura externa delicada na qual a guerra comercial pesa. Investidores acompanharam relatos sobre as dificuldades dos governos da China e dos Estados Unidos em encontrar uma agenda e marcar um encontro bilateral para seguir com as negociações no âmbito da disputa comercial.
As duas partes precisam concordar com os termos básicos da reaproximação, mas há desconfiança dos dois lados. A data para a visita de autoridades chinesas a Washington ainda não foi estabelecida, mas isso não quer dizer que necessariamente não acontecerá, afirmaram as fontes, que pediram anonimato.
Para a analista-chefe, o mundo vê hoje reflexos dos temores que eram falados há cinco meses. "Existe desaceleração, mas não existe uma recessão, não. A recessão é possível, mas não provável, uma vez que os países vão tomar medidas para não chegar a esse ponto."
Durante toda a tarde ajudou a limitar a queda do índice o desempenho positivo das ações ordinárias da Vale e empresas correlatas como a CSN. A valorização dessas empresas foi atribuída à alta de quase 7% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, a US$ 90,58.