As empresas do setor químico atingiram em julho 65% de utilização da capacidade instalada de uso industrial, o pior índice registrado pela Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) desde que iniciou o levantamento deste indicador em 1989. No acumulado do ano até julho, de acordo com dados preliminares, o nível de utilização da capacidade instalada foi de 70%, seis pontos abaixo do índice registrado em igual período do ano anterior, resultando em um nível de ociosidade de 30%, pior desempenho dos últimos dez anos.
A performance é atribuída à falta de competitividade gerada pelo preço das matérias-primas e energia, deficiências logísticas e alta carga tributária.
"Para o setor químico, que opera em regime de processo contínuo, não sendo possível desligar equipamentos ou diminuir a produção abaixo de um determinado nível, esse cenário significa piores desempenhos operacionais e custos unitários de produção ainda mais elevados", afirma em nota a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.
Entre janeiro e julho, o consumo aparente nacional (CAN), que mede a produção mais importações menos as exportações, dos produtos químicos de uso industrial encolheu 6,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Aliado a isso, acrescenta a Abiquim, na média dos 12 últimos meses 40% dos produtos químicos de uso industrial comercializados no Brasil foram importados, maior porcentual dos últimos 30 anos.
Nos últimos sete meses, a produção recuou 3,55% sobre o período de janeiro a julho do ano passado, enquanto as vendas internas caíram 0,49% na mesma comparação.
A desaceleração também pode ser constatada nos resultados dos últimos 12 meses encerrados em julho, sobre os doze meses imediatamente anteriores: o índice de produção recuou 4,23% e o índice de vendas internas caiu 2,46%. O CAN teve diminuição de 1,4%, também acelerando o declínio sobre os doze meses anteriores, ocasião em que o índice se manteve estável.
A indústria química, porém, permanece otimista com o lançamento do programa Novo Mercado de Gás, divulgado pelo governo federal em julho, que traz perspectivas e novos cenários para o setor, maior usuário entre os segmentos industriais do gás e o único que utiliza o produto como matéria-prima.