Jornal Correio Braziliense

Economia

Dólar não cai, apesar de leilões do BC


A moratória na Argentina deve trazer mais pressão ao dólar, que vem registrando altas na última semana e levou o Banco Central a vender reservas para conter a moeda pela primeira vez, desde 2009. Ontem, a moeda americana fechou a R$ 4,158. Estável, com relação à terça-feira, dia que chegou a bater R$ 4,19 ao longo do dia, mas acabou cotado a R$ 4,158, depois do leilão extraordinário, à vista, de US$ 1 bilhão realizado pelo BC. Ontem, a autoridade monetária operou com swapp reverso, reservas e leilão à vista.

No mês, o dólar já acumula alta de 8,8%, a segunda maior, atrás apenas da Argentina, onde a desvalorização do peso chega a 28% em agosto. Para André Perfeito, da corretora Necton, a moratória da Argentina deve trazer mais pressão sobre o real, apesar das medidas do BC. ;O mercado testará o BC e o quanto a autoridade monetária ofertar, será demandado;.

Para o analista, o estopim na Argentina foi a perspectiva da volta da oposição ao poder e o baixo nível de reservas do país vizinho. ;O Banco Central argentino não poderia, simultaneamente, atacar o câmbio e pagar suas dívidas. A solução foi, mais uma vez, apelar para o Fundo Monetário Internacional (FMI);. Alberto Fernández, peronista de centro-esquerda, que foi chefe de gabinete da ex-presidente Cristina Kirchner, venceu as eleições primárias no último dia 12, com chances de vencer as eleições de outubro no primeiro turno.

Na avaliação de Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset, no Brasil, o risco de desaceleração global da economia, a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e o risco argentina já estavam na mesa. Ele acredita que a alta do dólar se deve ao atraso no cronograma de votação da reforma da Previdência no Senado.

;Aqui no Brasil, o mercado está apostando muito na reforma da Previdência. Não acredito que a volatilidade do dólar esteja relacionado às queimadas na Amazônia e à crise diplomática consequente;, disse. Para ele, a oscilação coincidiu com a declaração do relator da proposta de mudança previdenciária, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), de que o cronograma da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado atrasaria.