O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), sob gestão da nova diretoria comandada por Gustavo Montezano, trabalhará para encolher a carteira de participações acionárias da instituição de fomento, que hoje está avaliada em R$ 105,465 bilhões, conforme o balanço financeiro do primeiro semestre, divulgado nesta quarta-feira.
Montezano disse que há "chance razoável" de "acontecer algo relevante" ainda este ano" em termos de vendas de participações, mas evitou falar em valores, prazos ou formatos para o BNDES se desfazer das ações.
O novo diretor de Participações, André Laloni, frisou que não haverá um plano, com datas de operações de venda e disse que a opção por seguir com vendas diárias no mercado ou fazer ofertas públicas será decidida caso a caso, com critérios técnicos.
"As ações são muito líquidas, as posições são muito grandes. Vamos procurar ter o menor impacto possível para o mercado. A maneira como vamos divulgar ainda não é consenso", afirmou Laloni, em entrevista coletiva, no Rio.
Segundo o executivo, que trabalhou na Caixa desde o início do ano e foi empossado no BNDES na segunda-feira, o mais provável é que o banco de fomento anuncie operações apenas na hora de agir. O presidente Montezano ressaltou que, se a opção por continuar com vendas diárias no mercado, provavelmente não haverá divulgações.
Embora tenha evitado falar em valores, prazos ou ativos prioritários para vender, Laloni relativizou a ideia de "melhor momento" para vender as participações. Para o diretor, a carteira do BNDES já está "performada" e, para vender, basta que a participação esteja "gerando valor". "Não estamos querendo maximizar o valor", afirmou Laloni, que também deixou claro que "com certeza este ano vai ter redução nessa carteira".
A menos, é claro, que fatores externos levem a uma piora sensível das condições de mercado. "Não tem plano B, a gente depende do mercado para sair dessas posições líquidas. Se o mercado fechar, fechou, vamos esperar. O mercado é soberano", disse Laloni.
Os destaques na carteira do BNDES são as participações na Petrobras, com R$ 51,582 bilhões, seguida de Vale (R$ 16,780 bilhões), Eletrobras (R$ 8,910 bilhões), JBS (R$ 6,323 bilhões) e Suzano (R$ 4,918 bilhões), para ficar nas cinco maiores.
Laloni abriu sua apresentação criticando a gestão da carteira de participações do BNDES. "Corremos um risco de renda variável que não é condizente com a atividade do banco", afirmou o executivo.
Segundo o diretor, a composição da carteira torna os ativos mais voláteis do que a média do mercado, e as empresas investidas são grandes companhias. "Hoje, as posições que a gente tem geram que emprego? Geram que desenvolvimento? Muito pouco", afirmou Laloni, para quem o perfil da carteira é especulativo, se parece mais com a de um "hedge fund".