Jornal Correio Braziliense

Economia

Mesmo com leilão de dólar, moeda americana chega a R$ 4,16

Declaração do presidente do BC de que não haveria intervenção adicional para conter desvalorização do real mantém divisa dos EUA no patamar positivo, cotado a R$ 4,16

Em dia de muita volatilidade, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fechou com desempenho positivo pela primeira vez em quatro pregões, com alta de 0,88% a 97.276 pontos. O dólar chegou a bater R$ 4,19 no início da tarde, renovando a máxima do ano, e, nem mesmo o leilão extraordinário de US$ 1 bilhão, que o BC promoveu no mercado à vista, levou a divisa dos Estados Unidos para o patamar negativo. Apesar de ter recuado da máxima, fechou em alta de 0,43%, cotada a R$ 4,158.

Para o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a tendência a curto prazo é de retomada da bolsa, mas com o nível de dólar mais alto do que era pensado no início do semestre. Segundo ele, existia uma expectativa na parte da manhã de que o resultado pudesse ser muito pior, devido relatório da Polícia Federal sobre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas não houve precificação disso.

;Houve um movimento de correção e não podemos falar em humor do mercado, pois o aumento que vimos foi marginal. Nada de espetacular, mas importante para reverter três quedas consecutivas. Vimos uma peculiaridade forte no crescimento da bolsa com crescimento do dólar, onde normalmente existe correlação negativa;, afirmou.

Confiança


A alta da moeda norte-americana reflete o aumento da confiança do consumidor norte-americano e pelo resultado positivo do índice de manufatura do Federal Reserve (Fed, banco central) de Richmond. Ecoou também as declarações de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, que sinalizou que a autoridade monetária não interviria no mercado de forma adicional para conter a depreciação do real. Com o leilão, as reservas caíram de US$ 442 bilhões na segunda-feira para US$ 389 bilhões.

O sócio e head de produtos da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini, define o dia como uma gangorra. ;O dólar já tinha se valorizado, com os números acima do esperado, e a fala do presidente do BC não ajudou, pois o mercado entendeu que as autoridades acham o patamar do câmbio normal.; Segundo ele, foi uma sessão de volatilidade forte impactada por aversão a risco, com a bolsa vivendo uma verdadeira montanha-russa.

Franchini também chama a atenção para a curva de juros, a inversão costuma preceder períodos de recessão e refletiu na queda das bolsas norte-americanas, com recuo entre 0,3% e 0,4%. Os juros de títulos públicos de 10 anos estão abaixo de 1,5%.;Essa movimentação precede as crises financeiras e esse ponto deve ser mais mostrado para o investidor, é um avaliador importante para como o mercado está olhando o futuro.;

* Estagiárias sob supervisão de Rozane Oliveira