De acordo com o diretor de vendas, Philipe Figueiredo, houve um forte aumento da demanda depois de um período de turbulências, em 2018, causado principalmente pela instabilidade pré-eleitoral. ;Havia uma demanda represada e uma cautela dos empresários em relação aos rumos da economia, inclusive no agronegócio, que hoje representa cerca de 80% dos nossos negócios;, disse Figueiredo. ;Acreditamos em um segundo semestre forte também, com crescimento de 5% no fechamento deste ano.; Em 2018, a empresa registrou receita bruta de R$ 682,4 milhões.
A expansão dos negócios no campo, que historicamente respondem por 70% a 75% dos resultados da Líder Aviação, ajudou a compensar a retração registrada nas áreas de engenharia e infraestrutura. Com a crise gerada pela exposição das empreiteiras envolvidas na Lava-Jato e o arrefecimento dos investimentos em grandes obras pelo país, esses setores reduziram drasticamente sua participação nas receitas da Líder. ;Essas atividades estão gradualmente se recuperando, mas a economia brasileira continua no cheque especial;, afirma o executivo.
O desempenho da empresa só não foi melhor porque o sobe-desce do dólar tem prejudicado o comércio de aeronaves, além de afetar o planejamento de custos, já que aviões e combustível são cotados na moeda americana. ;Estamos sentindo o efeito ;eletrocardiograma; do câmbio porque pressiona custos e atrapalha a todos nos planos de investimentos de médio e longo prazos;, acrescenta o executivo. Atualmente, a Líder tem frota de 63 aeronaves, sendo 43 helicópteros e 20 aviões.
Um sinal de que os ventos sopram a favor do mercado da aviação executiva é a alta na importação de aeronaves. A Cisa Trading, uma das maiores importadoras do Brasil, registrou um movimento superior ao do ano passado, puxado pelo interesse das empresas por aeronaves de médio porte. ;São aeronaves com valor entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões, cuja demanda visa atender às operações do dia a dia de empresas, que estão abrindo filiais ou ampliando seus negócios em diferentes regiões do país;, disse Felipe Videira, diretor executivo de negócio da Cisa Trading, durante a Labace, maior feira do setor na América Latina. Segundo ele, a procura tem como objetivo renovar a frota ou promover um upgrade no equipamento para voos no território nacional.
Na Cisa Trading, a previsão é que, em 2019, as encomendas de aeronaves importadas sejam superiores às do ano passado, tanto em valor quanto em volume, diante da perspectiva de um cenário econômico mais estável. O movimento começou no primeiro semestre e tende a se ampliar nos próximos meses.
Atualmente, o Brasil tem a segunda maior frota de aviação geral do mundo. Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), o número de aeronaves no país deve crescer 10% no futuro próximo. Dentro desse segmento, encontra-se o mercado de aviação executiva, que vem apresentando um expressivo crescimento no Brasil.
Pelas contas da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), em 2018, o volume de operações registrou alta de 2,74% em relação ao ano anterior. Em 2017, o crescimento havia sido de 13,42% sobre 2016. Antes da crise, a frota de aeronaves do Brasil, que está entre as maiores do mundo, chegou a crescer 6% ao ano.
;O setor espera que o país encontre o caminho do crescimento porque a aviação de negócios, ou aviação executiva, depende do cenário econômico para crescer;, diz o presidente da entidade, Flávio Pires. Das 5.570 cidades brasileiras, apenas 142 foram atendidas pela aviação comercial em 2018, enquanto a aviação geral atendeu 1.110 municípios. Das mais de 15 mil aeronaves que compõem a frota da aviação geral brasileira, 11.804 são usadas na aviação de negócios (76%).