Pequim anunciou que pretende aplicar tarifas retaliatórias de cerca de US$ 75 bilhões em produtos dos Estados Unidos. Em resposta, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou taxação extra a partir de 1; de setembro.
O estrategista chefe da RB Investimentos, Daniel Linger, enfatiza o reflexo da tratativa da guerra comercial na bolsa e no câmbio. ;Não é um tema recente, vem assustando o mercado e tivemos novos capítulos que aqueceram as tratativas. No Brasil, o impacto vem sempre quando a guerra é acirrada. Na parede, também está o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA), com o aumento da perspectiva de que vai ser necessária uma política monetária mais enfática na taxa de juros;, analisou.
Com a disparada da moeda americana, o Banco Central agiu rapidamente. Entre 2 e 27 de setembro, a autoridade monetária vai trocar US$ 11,6 bilhões de contratos de swap (venda de dólares no mercado futuro) em circulação por recursos das reservas externas. Nesta semana, o BC já havia começado a vender até US$ 550 milhões por dia das reservas internacionais para segurar o câmbio. As operações são feitas de forma conjugada com swaps cambiais reversos (compra de dólares no mercado futuro) no mesmo valor, para manter a posição cambial da autoridade monetária.
;Ao final do período de execução dessa rolagem, objetiva-se que todo o estoque vencendo em 1; de novembro de 2019 seja rolado ou trocado por dólares à vista, portanto sem afetar a posição cambial líquida do BC. A troca de instrumentos ocorrerá conforme a demanda dos agentes pelos diferentes instrumentos, por meio de leilões competitivos;, detalhou o banco, em nota à imprensa.
Mais explicações
Para o estrategista da ALL Investimentos, Henrique Bousquat, ;esse novo foco na disputa causou um movimento de aumento de risco nos mercados;. ;A cada passo da guerra, as duas potências propõem medidas e voltam atrás em função das negociações. A guerra de retórica causa um impacto grande. Além do dólar, o mercado de juros futuros reagiu de forma nervosa, subindo mesmo com movimento de queda da Selic;, analisou.Apesar da tensão internacional, a crise na Floresta Amazônica, com líderes de países europeus fechando o cerco contra o governo brasileiro e colocando em xeque o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, também impactaram nos resultados desta sexta-feira (23/8), lembrou o estrategista chefe da RB investimentos, Daniel Linger.
;A maneira com que os presidentes da Alemanha, França e Irlanda se manifestaram coloca em questão a falta de diplomacia do governo brasileiro em relação a esse assunto. Não vieram de uma hora para outra as ameaças de que o acordo entre Mercosul está em xeque em função da questão ambiental nem a falta de diplomacia para abrir esse diálogo. Continua em uma disputa de força;, disse.
Para o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, o atraso da tramitação da reforma da Previdência no Congresso Nacional também contribuiu para a alta do dólar. O relator da reforma na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que não conseguiria protocolar seu parecer sobre o projeto nesta sexta-feira (23/8), como era planejado. ;Ninguém está precificando, achando que não é relevante, mas é. O que interessa para o Brasil, e internamente é a coisa mais importante, é a velocidade na aprovação da reforma da Previdência;, ressaltou.
* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira