São Paulo — Gigante americano do varejo, o Walmart decidiu processar a Tesla, fundada por Elon Musk. A acusação da companhia é de que os painéis solares fornecidos por uma das empresas do bilionário, mais conhecido pela fabricação de carros elétricos, causaram incêndios em sete de suas lojas.
Os incêndios, que ocorreram entre 2012 e 2018, começaram a chamar a atenção do Walmart, até que as investigações mostraram um ponto em comum: os painéis solares. O fogo foi responsável por destruir uma parte significativa das mercadorias armazenadas.
O Walmart diz que foi preciso desembolsar algumas centenas de milhares de dólares para minimizar os prejuízos diretos. As informações fazem parte de uma ação aberta em um tribunal de Nova York, na última terça-feira. A varejista alega que houve quebra de contrato.
O caso teria ocorrido, segundo a ação, em novembro de 2018. Entre as lojas afetadas pelo incêndio estão as de Denton, Maryland e Beavercreek. No processo, o Walmart garante que o problema está nos sistemas solares da Tesla.
“Essa é uma violação das ações contratuais decorrentes de anos de negligência grosseira e falha em atender aos padrões do setor da Tesla em relação aos painéis solares projetados, instalados e prometidos pela empresa para operar e manter com segurança nos telhados de centenas de lojas Walmart”, informou a varejista à Justiça.
Os painéis solares fabricados pela SolarCity, pertencente à Tesla, começaram a ser usados pelo Walmart em 2010. Os telhados de cerca de 240 lojas, de um total aproximado de 5 mil pontos comerciais, foram equipados com as placas produzidas pela empresa de Musk. A denúncia afirma que a Tesla se envolveu em “negligência sistêmica generalizada” e “não cumpriu as práticas prudentes da indústria na instalação, operação e manutenção de seus sistemas solares”.
Ainda de acordo com a acusação feita pelo Walmart, a empresa “adotou um modelo de negócios insatisfatório, que exigiu a instalação de sistemas de painéis solares de forma desordenada e rápida, quanto possível para obter lucro”.
Além de pedir uma indenização da Tesla, o Walmart pede que os painéis fotovoltaicos sejam removidos de suas lojas. Do lado da varejista, há pressa para resolver o caso. A companhia definiu como meta ter metade do fornecimento de energia de suas lojas a partir de fontes renováveis até 2025.
Em família
A entrada de Musk nesse setor foi um negócio em família. Para arrematar a SolarCity, empresa de vendas e instalação fundada por dois primos de Musk, a Tesla pagou, em 2016, um total de US$ 2,6 bilhões.
Desde que a Tesla adquiriu a SolarCity, seu objetivo tem sido ser o único ponto de contato com os clientes para a tecnologia solar, baterias e carros elétricos. Por essa razão, a empresa encerrou seu contrato comercial com a rede varejista Home Depot, que vendia os painéis solares para clientes residenciais. Os produtos passaram a ser vendidos em suas próprias lojas de varejo e no e-commerce.
A Tesla, por meio da divisão Energy, tem se empenhado para melhorar seus números também nesse setor. A participação no mercado de energia solar continua em queda. No passado, a companhia perdeu o status de principal empresa de energia solar residencial para a Sunrun, com sede na Califórnia. A receita dos negócios de energia e armazenagem da Tesla caiu de US$ 784 milhões nos primeiros seis meses de 2018 para US$ 693 milhões no primeiro semestre deste ano.
A possível falha nos equipamentos da SolarCity não é o único problema enfrentado atualmente pala Tesla. A companhia está sob investigação federal por parte do Conselho Nacional de Segurança de Transporte dos Estados Unidos. O trabalho começou depois de vários proprietários de modelos X e Model S em todo o mundo afirmarem que seus carros explodiram. O caso pesou para desestabilizar a empresa, que tenta aumentar as entregas de seus veículos.
No mês passado, a empresa de Musk registrou perda de US$ 408 milhões nos lucros do segundo trimestre, apesar de ter vendido mais carros. A companhia tem se esforçado para se mostrar lucrativa, mas vem convivendo com uma debandada de seus executivos do primeiro escalão. O mais recente a deixar o cargo foi o diretor de tecnologia.