Esses números consideram trabalhadores entre 18 e 64 anos e constata que o contingente de desalentados cresce desde 2015, atingindo quase 5% da população em idade ativa. ;Os dados indicam que a informalidade no Brasil continua crescendo em 2019. Mesmo com o fim do cenário recessivo a partir de 2017, a proporção de trabalhadores formais segue em queda, ao mesmo tempo em que aumenta a proporção dos sem carteira e por conta própria;, destacou Tereza Pires, pesquisadora da iDados.
O levantamento ainda revela que Maranhão, Pará e Piauí foram os estados com maior índice de informalidade no país neste ano: 62,9%, 61,2% e 59,7%, respectivamente. Por outro lado, Santa Catarina (32,3%), Distrito Federal (33,9%) e São Paulo (35,7%) registraram as menores taxas de pessoas trabalhando sem carteira ou por conta própria. No DF, essa proporção aumentou de 11,5% para 14,9% nos últimos cinco anos. Já no Maranhão, subiu de 23,1% para 30% no mesmo período.
Baixa qualidade
Os dados do desemprego ainda são desalentadores, de acordo com analistas. Apesar de a taxa de desemprego ter recuado de 12,7%, para 12% no segundo trimestre deste ano, as vagas criadas são de baixa qualidade. ;O emprego informal vem aumentando e a proporção de trabalhadores subutilizados começa a refletir uma nova realidade do mercado, incorporando atividades novas, como quem trabalha em casa e gostaria de ser melhor aproveitado pelo mercado de trabalho;, destacou economista Luka Barbosa, do Itaú Unibanco.Conforme os dados do IBGE, o Brasil encerrou o primeiro semestre com 24,8% da força de trabalho subutilizada, levemente abaixo dos 25% registrados no trimestre encerrado em maio. ;Nos últimos anos, a retomada da economia tem sido bastante alta e isso não ajuda a gerar emprego formal. E o cenário de crise externa também deve prejudicar a melhorar o mercado de trabalho rapidamente;, completou. Pelas contas da instituição, a redução do desemprego será gradual e, essa taxa deverá permanecer nos atuais 12% no fim do ano, passando para 11,5%, em 2020.
A economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria, vê o aumento da informalidade no país com preocupação e destacou que essa realidade é reflexo de dois setores que não estão conseguindo se recuperar desde a recessão de 2015 e 2016: a indústria, que contrata a mão de obra mais qualificada e paga salários mais altos; e a construção civil, que emprega o pessoal menos qualificado e em grande quantidade. ;Quando olhamos os dados da Pnad, o número de trabalhadores com carteira assinada vem caindo ano a ano, mas não podemos afirmar que o trabalho formal está em extinção. Acredito que, com recuperação da economia, pode haver reação, mas não no patamar do passado, dadas as mudanças estruturais do mercado de trabalho;, ressaltou ela, que prevê que o desemprego de 11,8%, neste ano, e de 11,7%, no ano que vem.