Os juros futuros reforçaram o movimento de queda que já ditava o rumo das taxas pela manhã desta sexta-feira, 16, renovando mínimas à tarde, mesmo diante de uma leve aceleração do avanço do dólar que levou a moeda de volta ao patamar dos R$ 4. Na jornada matutina, o recuo das taxas já era embalado pelas perspectivas em relação a eventos e indicadores da próximas semana e, na segunda etapa, esse vetor ganhou força, em meio ainda à consolidação da retomada do apetite ao risco no exterior. A agenda da semana que vem tem potencial para reforçar a ideia de juros mais baixos no Brasil e no mundo, contemplando as divulgações do IPCA-15 de agosto e a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 caiu de 5,469% para 5,40% e a do DI para janeiro de 2023, de 6,461% para 6,37%. A taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 6,88%, de 6,941%. A semana foi de elevado estresse nos mercados em função da piora do cenário para a economia mundial, do acirramento da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos e maior pessimismo com o quadro eleitoral na Argentina, mas o mercado de juros se comportou relativamente bem. As taxas encerraram em níveis muito próximos ao da sexta-feira passada.
Embora as preocupações com a economia global não tenham se dissipado, houve uma trégua no noticiário negativo sobre o assunto, abrindo espaço para a recomposição de posições. "E, mesmo com o rendimento dos Treasuries subindo, infelizmente, a perspectiva ainda é de baixo crescimento no mundo. Todas as curvas de juros estão em níveis baixos", explicou o estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, lembrando que, enquanto isso, aqui, pela "primeira vez na história conseguimos ter inflação comportada".
Além do IPCA-15, no exterior, a ata do Fomc também é tida como potencial catalisador para as apostas numa política mais branda do Fed, juntamente com o Simpósio Anual de Jackson Hole, que reúne os principais representantes de autoridades monetárias do mundo e que será realizado entre 22 em 24 de agosto, em Wyoming. "A ata deve trazer detalhes adicionais da sua última decisão, de corte de juros, que ainda não considerava a escalada recente da guerra comercial", disseram os profissionais do Bradesco, em relatório.