Jornal Correio Braziliense

Economia

Investimento baixo: mercado de microfranquias deve dobrar neste ano

O setor quebra recorde de faturamento em 2019. Crise do emprego, oportunidades de ganhos e projetos inovadores atraem empreendedores

São Paulo ; Depois de crescer 8% em 2018, o segmento de microfranquias (que exigem investimento de até R$ 90 mil) deve ser a grande estrela no mercado neste ano. Isso porque, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF), está em curso um profundo processo de diversificação e de redução de custos.

;Com a revisão de algumas projeções do ano para baixo, os investidores ficaram mais cautelosos, o que favorece investimentos mais conservadores;, disse André Friedheim, presidente da ABF. ;Mesmo assim, o mercado como um todo segue em forte crescimento, grande parte em virtude dos seus fundamentos básicos, como trabalho em rede, ganhos em escala e marcas consolidadas;, completa. Embora não existam dados fechados sobre as microfranquias, a entidade afirma que há potencial para dobrar o crescimento do segmento neste ano.

Um termômetro dessa diversificação de segmentos e faixas de investimentos é a iniciativa do Grupo Petra Gold, empresa de serviços financeiros, que está lançando a franquia GoldPlus. Oficialmente descrita no segmento de microfranquia, o investimento inicial é apenas R$ 647 ; o menor valor do setor no país.

Os franqueados poderão contratar o serviço direto na plataforma on-line e vender os produtos oferecidos pela companhia, como a GoldPay, máquina de crédito e débito, conta digital, seguros e assistências funeral, automotiva, residencial e empresarial. A empresa também disponibilizará um cartão internacional pré-pago, com funções de saque e pagamento no Brasil e no exterior.

;Por termos uma das franquias mais acessíveis do mercado, o retorno do investimento é muito rápido e permite que o franqueado comece a ganhar dinheiro quase que de imediato;, afirma Eduardo Braule-Wanderley, CEO do Grupo Petra Gold.

A franquia GoldPlus tem duas formas de rentabilidade: na primeira, o franqueado pode obter um ganho imediato ao vender as franquias e ser comissionado em 50% sobre o valor do negócio. Na segunda forma, ele constrói um rendimento por meio das vendas dos combos de serviços financeiros, pagos mensalmente pelos clientes e que lhe dão uma comissão constante de 20% sobre esses pagamentos. ;O setor está aquecido, e os modelos de baixo investimento têm forte potencial para conquistar mais espaço nos próximos anos;, afirma Marco Macedo, diretor de operações do Grupo Petra Gold. ;Estamos chamando essa tendência de Era das nanofranquias.;

Mercado bilionário

O mercado de franquias registrou crescimento de 5,9% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2018. A receita passou de R$ 40,7 bilhões para R$ 43,1 bilhões. No semestre, o aumento foi de 6,4% (R$ 79,4 bilhões para R$ 84,5 bilhões). Já a receita acumulada nos últimos 12 meses teve crescimento de 6,9%, passando de R$ 168,3 bilhões para R$ 179,9 bilhões. Segundo especialistas, isso também é resultado dos altos índices de desemprego. Sem opções, as pessoas acabam recorrendo às franquias.

De acordo com a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Setor, desenvolvida pela ABF, a performance foi alavancada pela abertura de novas unidades, eficiência operacional e inovação. ;O segundo trimestre foi um período de muita expectativa, com a aprovação da reforma da Previdência, por exemplo;, afirma Friedheim.

Em geração de novos postos de trabalho, houve aumento de 10% no número de empregos diretos do franchising ante o mesmo período de 2018. O total de trabalhadores registrados subiu de 1.224.987 para 1.348.235. Para o presidente da ABF, ;a principal razão para a alta das contratações deriva do reaquecimento da expansão das redes de franquias pelo país no período;.

Todos os 11 segmentos elencados pela ABF registraram variação positiva no segundo trimestre frente ao mesmo período de 2018. A pesquisa indicou que o segmento com maior crescimento entre abril e junho foi Serviços e Outros Negócios, com alta de 8,9%. Contribuíram para esse avanço o aumento da demanda por serviços administrativos e processos de automatização, a atuação de fintechs e de fornecedores da cadeia de meios de pagamento e crédito.

A categoria Serviços Educacionais registrou o segundo maior crescimento, com 8,7%. ;O Brasil é um país muito grande, com várias ilhas de prosperidade nem sempre tão conhecidas. Esses mercados, de forma geral, apresentam menos concorrência, custos menores e um consumidor ávido por grandes marcas, sendo uma ótima oportunidade para o setor;, conclui Marcelo Maia, da ABF.