Jornal Correio Braziliense

Economia

Paulo Guedes pede paciência após prévia do PIB indicar volta à recessão

''Ponham a mão na consciência'', disse o ministro da Economia defendendo o avanço das reformas. ''Tenho que correr, porque são muitas reformas'', acrescentou

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou justificar o fraco crescimento da economia neste ano ao fato de que o governo ainda não conseguiu avançar com todas as reformas necessárias para que o país volte a crescer nesses quase oito meses desde a posse do presidente Jair Bolsonaro. Até mesmo o chefe do Executivo tem evitado falar sobre o fraco crescimento econômico, mesmo com a reforma da Previdência avançando no Congresso, e tem jogado a responsabilidade para os ombros do "superministro".

;Quem está criando esses desemprego foram esses quatro meses de governo. Ponham a mão na consciência. Chegou o momento das reformas. Tenho que correr, porque são muitas reformas;, afirmou o ministro durante a abertura do seminário ;Declaração de Direitos de Liberdade Econômica ; Debates sobre a MP 881/2019;, realizado pelo Tribunal Superior de Justiça (STJ), na manhã desta segunda-feira (12/8). Na avaliação do ministro, ainda é pouco tempo para que o governo com políticas liberais na economia apresente resultados.

Nesta segunda, o Banco Central divulgou a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o IBC-Br, com retração de 0,12% dado que, se confirmado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no próximo dia 29, quando serão divulgados os dados das Contas Nacionais, o país terá entrado oficialmente em uma recessão técnica ; quando há queda no PIB por dois trimestres consecutivos. Na saída, Guedes não comentou o assunto.

Durante o discurso de abertura do seminário, o ministro destacou que o Brasil não consegue crescer como no passado, quando era o destino de vários imigrantes do mundo, porque ;prisioneiro de uma armadilha cognitiva da esquerda;. ;Somos um país rico em recursos naturais mas, mas a economia não cresce porque somos prisioneiros cognitivos de crenças obsoletas;, afirmou. ;Estamos tentando mudar essa concepção com muitas reformas. O Brasil, que era uma economia dinâmica, virou uma economia estagnada com um regime político que se degenerou", declarou.

Ao defender as reformas ele criticou os que impedem as reformas avançarem. ;Não é fácil aguentar 40 anos de desaforo;, resumiu Guedes. O chefe da equipe econômica de Bolsonaro voltou a criticar o governo de esquerda da Venezuela, que atravessa uma forte crise econômica, e sinalizou preocupação com as prévias eleitorais da Argentina, que apontam um retorno do kirchnerismo, com o candidato Alberto Fernández, apoiado pela ex-presidente Cristina Kirchner, que é vice na chapa. ;A Argentina já foi a sexta maior renda per capita do mundo e só afunda desde o peronismo;, disse Guedes, acrescentando que, ;desde o fim do regime militar;, o país vem crescendo pouco. ;Não foi culpa dos civis (o fato de o país crescer pouco). Nos últimos oito anos, o país cresce apenas 0,5% ao ano em média;, acrescentou.

O ministro voltou a defender que o Estado precisa sair do ;cangote; do empreendedor e de contribuinte e fez uma analogia de que o país é uma ;baleia ferida;, que está sangrando há anos. Mas, na avaliação do ministro, o país voltará a crescer quando a agenda de reformas micro e macroeconomicas avançarem.

Liberdade econômica

Durante a sua fala, Guedes defendeu a MP 881/2019, que trata da liberdade econômica, de autoria do Executivo e que está tramitando no Congresso e precisa ser votada até o dia 27, caso contrário, perderá a validade. Os relatores, o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) e senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), demonstraram confiança de que a matéria será votada pelas duas Casas até semana que vem. Para Goergen, o texto será aprovado pela Câmara nesta semana, e, pelo Senado, na próxima.

O ministro destacou três pilares que a MP da Liberdade Econômica estabelece. Primeiro, o empreendedorismo, ;porque vai facilitar a abertura de empresas;. Segundo, a limitação dos abusos do Estado, ;preservando a concorrência e reduzindo impostos;. E, por último, ;estabilizar e garantir a segurança jurídica dos contratos;.

No entanto, quando passou pela Comissão Especial, a MP 881, sofreu alterações e tem vários jabutis, de acordo com parlamentares da oposição. O texto, inicialmente com 19 artigos, passou a ter mais de 30. ;Somos um país rico em recursos naturais, mas não conseguimos crescer porque somos prisioneiros cognitivos de crenças obsoletas;, afirmou.