Jornal Correio Braziliense

Economia

Empréstimo contra cartão



O porteiro Mauro Vieira, 58 anos, viu uma dívida de cartão de crédito virar uma verdadeira bola de neve. A fatura de R$ 3 mil pulou para R$ 19 mil. ;Era minha filha quem sempre pagava as faturas pela internet. Um dia, ela começou a pagar o mínimo da fatura, sem me contar, por problemas com a mensalidade da faculdade. Do ano passado para cá, pagou o mínimo e, quando fomos ver, o acumulado com os juros já estava em R$ 19 mil;, conta.

Depois de perder o sono pensando em como quitar a dívida do cartão, Mauro usou uma reserva de emergência e acabou decidindo pegar mais R$ 11 mil em empréstimo na conta da esposa. ;Agora, estamos pagando parcelas de R$ 1.278. Ainda falta pagar sete. Sei que foi erro da gente pagar o mínimo, mas, agora, eu confiro tudo;, diz. Depois do susto, ele evita compras no cartão de crédito.

Segundo o educador financeiro da GuiaInvest, Adriano Severo, o porteiro tomou a decisão certa. ;Tentar renegociar as dívidas, trocando por juros menores é o primeiro passo. Quando você pega um empréstimo pessoal ou consignado para cobrir uma dívida de um cartão de crédito, você reduz cerca de 3% dos juros. É importante também que a parcela do empréstimo esteja dentro do orçamento. É necessário manter o planejamento para não deixar acumular;, afirma.

Rotativo
O juro rotativo aplicado quando o consumidor paga menos do que o valor integral da fatura do cartão, é a grande reclamação dos endividados que veem as parcelas dobrarem, como a advogada Jéssica Sampaio, 25. ;Parcelei a fatura de um cartão de crédito de R$ 1,2 mil. Foram 12 parcelas de R$ 250, ou seja, mais que o dobro da minha dívida. Os juros são muito abusivos, mas, infelizmente, não tem outra saída a não ser pagar;, lamenta.

O crédito rotativo dura 30 dias, após esse prazo, as instituições financeiras parcelam a dívida com condições de juros melhores. ;Sem dúvidas que o não pagamento e a situação de inadimplência decorrem de uma taxa de juros que é muito elevada, mas o emissor do cartão ainda tem a obrigação de oferecer uma taxa de juros mais baixa do que a do rotativo para a quitação;, explica o especialista da FGV Ricardo Teixeira.

Quando viu que a situação financeira estava prestes a ruir, a advogada optou pelo empréstimo, mas também não está satisfeita com as taxas de juros.;Eu levei um calote há uns meses e foi daí que acabei me descontrolando. Tive que pegar um empréstimo de R$ 5 mil. Dividi em 19 parcelas que ficaram por R$ 450, ou seja no total estou pagando R$ 8.550, são R$ 3.550 só de juros, é um absurdo, quase o valor do empréstimo;, diz. (RG e TM)