[SAIBAMAIS] O ONS ressaltou que o PIB do país não recuava desde o quarto trimestre de 2012.
No início de 2019, as empresas tiveram de aumentar seus estoques para garantir o abastecimento, devido ao Brexit, programado inicialmente para 29 de março.
Como a data foi adiada, esses estoques suplementares foram vendidos na primavera (hemisfério norte), e seus investimentos também foram reduzidos.
Apesar deste declínio no PIB no segundo trimestre, o Reino Unido não entrou em recessão, porque isso requer dois trimestres consecutivos em declínio. Assim, os dados do terceiro trimestre serão cuidadosamente estudados quando forem publicados neste outono.
De qualquer maneira, esta retração da atividade é uma má notícia para o governo do pró-Brexit de Boris Johnson, que assumiu o cargo recentemente, e que prometeu que o Reino Unido deixará a União Europeia em 31 de outubro - com, ou sem, acordo.
O Banco da Inglaterra prevê que o crescimento vai-se desacelerar. Responsável pela previsões econômicas para o governo, o Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR, na sigla em inglês) vai além, considerando que o país pode entrar em recessão em tal cenário.
Comentando sobre o primeiro semestre, o ONS julgou que "o PIB e seus componentes são muito voláteis desde o início do ano, refletindo mudanças na atividade relacionada à data inicial de saída da UE".
Muitas empresas se organizaram nesse sentido, pensando que o Brexit aconteceria, como planejado, em 29 de março. A data foi adiada duas vezes, porque a Câmara dos Comuns se recusou a aprovar o acordo de saída negociado pela primeira-ministra da época, Theresa May, com Bruxelas.
A indústria automotiva foi particularmente afetada e interrompeu a atividade de várias unidades de produção em abril por causa de sucessivas mudanças no programa, o que interrompeu seu planejamento.
Outros setores manufatureiros também foram afetados e, no final, a produção industrial caiu 1,4%. A atividade de construção também diminuiu 1,3%, pela cautela diante da possibilidade de que o Brexit reduza os preços dos imóveis.
Já os serviços ficaram praticamente estáveis, com um tímido %2b0,1% - seu aumento mais fraco em três anos.
"Essa retração de 0,2% do PIB no segundo trimestre é pior do que a esperada. Confirma que o bom começo do ano não passou de uma ilusão, pois o crescimento de 0,5% se deveu ao acúmulo de estoques vinculados com o Brexit", disse Chris Williamson, economista da IHS Markit.
A libra caiu bastante depois que os números foram publicados, atingindo seu nível mais baixo em dois anos, em relação ao euro, e em dois anos e meio, frente ao dólar.