Para o consultor, não há salto significativo de concentração no Brasil. ;Se pegarmos um conjunto de indicadores e classificar, o Brasil está em posição média, nunca entre os mais concentrados. A concentração bancária é menor do que em vários outros setores na economia;, disse. ;A participação dos três maiores setores em segmentos, são bem mais concentradas do que no setor bancário;, afirmou.
Na avaliação de Gesner, o argumento, segundo o qual, a concentração no setor bancário estaria associado a custos, preços elevados e abuso de poder não é real, já que, segundo afirmou, não está discrepante com relação ao padrão mundial. ;Concentração não é condição suficiente para abuso de poder de mercado;, disse. Segundo ele, a discussão sobre concentração de mercado será mais complexa na economia digital, sobretudo no setor financeiro, o que aumenta a importância da regulação e de autoregulação, como forma de superar as falhas de mercado.
Sobre a possível verticalização, para Gesner, apesar da dificuldade de medir esse aspecto no setor bancário, não há indícios de anomalia no Brasil. ;É natural ter um conjunto de serviços abrigado em uma instituição financeira. Estruturas verticais são presentes em vários setores, como o ferroviário, por exemplo, além do caso das petroquímicas, onde há clara necessidade de verticalização para redução de custo;, disse.
Na avaliação de Gesner, ;poucas vezes o Brasil apontou que estava na caminho correto e este momento é um deles;. Ele se referia à trajetória de redução da Selic, a taxa básica de juros da economia. Na semana passada, o Banco Central baixou a selic de 6,5% para 6% e o mercado conta com novas reduções até o fim do ano. Este é o menor patamar histórico da taxa Selic. ;Os juros real são de cerca e 2%. Ainda altos, comparados ao padrão internacional, mas estamos no caminho certo;, disse.
De acordo com dados do Banco Central, os cinco maiores bancos do país concentraram mais de 80% dos empréstimos e depósitos em 2018, informação disponível no Relatório de Economia Bancária, divulgado em maio. Isso significa que, do total de empréstimos, 84,8% foram concedidos pelos cinco maiores bancos que operam no Brasil: Itaú, Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica Federal, ou seja, de cada R$ 10 emprestados, R$ 8,48 foram financiamento concedidos por essas instituições.