O dólar fechou a sexta-feira, 2, em R$ 3,8915 (+1,15%), o maior nível desde 17 de junho. O exterior foi novamente o principal fator a influenciar as cotações da moeda americana, mas na semana que vem, com a retomada das atividades no Congresso e a votação da reforma da Previdência no segundo turno na Câmara, o noticiário doméstico deve ganhar protagonismo. Na semana, o dólar acumulou valorização de 3,15%, registrando a pior semana desde o início de maio, quando ruídos políticos entre o Planalto e o Congresso fizeram a moeda americana bater em R$ 4,10.
O anúncio na quinta-feira do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai sobretaxar mais US$ 300 bilhões de produtos importados da China sustentou novo dia de alta do dólar ante países emergentes, embora a moeda americana tenha se enfraquecido perante divisas fortes. A fuga de risco e a busca por ativos seguros fez a moeda americana cair 0,75% no Japão. Entre os emergentes, o real foi uma das mais penalizadas, perdendo apenas para o rublo, da Rússia. O dólar subiu 1,50% no mercado russo.
Na avaliação do sócio e gestor da Absolute Invest, Roberto Serra, o exterior foi determinante para as cotações do dólar na quinta e nesta sexta, mas também teve certo peso a redução do diferencial de juros entre Brasil e EUA após o Banco Central cortar a Selic em 0,50 ponto porcentual, o que torna operações na economia brasileira menos atrativas aos estrangeiros. Para a reforma da Previdência, Serra ressalta que a aprovação em segundo turno é dada como praticamente certa pelo mercado. Por isso, qualquer revés pode provocar estresse nas cotações do dólar. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou oito sessões de plenário para discussão e votação em segundo turno da matéria entre terça e quinta-feira da próxima semana.
Os estrategistas de moedas do Commerzbank acham que o dólar pode buscar o nível de R$ 3,92, caso a tensão comercial entre a China e os EUA prossiga nos próximos dias. A China prometeu retaliar as medidas anunciadas por Trump. A tendência é que as moedas de emergentes percam valor diante do dólar nesse ambiente nos próximos dias, mesmo com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) cortando juros, avalia o Commerzbank.
Para a economista de Estados Unidos da consultoria Oxford Economics, Lydia Boussour, após a decisão de Trump de elevar as tarifas, as condições financeiras pioraram no mercado financeiro internacional, o que só aumenta a aposta de novo corte de juros pelo Fed na reunião de setembro. Um dos comentários em Wall Street é que essa era justamente a ideia de Trump ao anunciar as tarifas, forçar o Fed a cortar novamente os juros.