A postura mais ousada do Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu grande parte do mercado financeiro. Depois de 17 meses, o Banco Central (BC) decidiu cortar em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), com sinais de que há possibilidade de um ciclo de novas reduções nos juros. Agora, as apostas para que o índice termine 2019 perto de 5% ao ano aumentaram.
Analistas acreditam que a decisão foi acertada e a redução mais forte deveria ser imediata, já que a atividade econômica está muito fraca. Tanto é que os indicadores de produção industrial mostram que o setor registrou queda de 1,6% no primeiro semestre do ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O setor ainda sofre com a falta de confiança e de investimentos, que, segundo analistas, podem voltar a melhorar com a liberação dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a redução da Selic.
Para Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, o BC sinalizou que há espaço adicional para mais quedas de juros. No entanto, esse movimento é condicionado à continuidade da agenda de reformas, ao grau de recuperação da atividade e das projeções e expectativas de inflação.
;Podemos ter mais ou menos cortes para frente, dependendo desses fatores. Podemos ir para uma Selic de 5% se tais fatores apontarem uma inflação perto da meta em 2020. Nós acreditamos que haverá mais um corte de 0,50 ponto percentual e dois de 0,25;, afirmou. ;Os juros têm impacto na economia através das taxas longas e essas já vêm caindo há bastante tempo. Dessa forma, parte da decisão de ontem já estava precificada há algum tempo, tendo já algum impacto ainda este ano;, completou.