A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) abriu o pregão, ontem, em clima de otimismo após a sinalização do Banco Central de que haverá novos cortes na taxa básica de juros (Selic) neste ano. Na véspera, a Selic foi reduzida de 6,5% para 6% anuais, novo piso histórico. Contudo, o presidente dos EUA, Donald Trump, jogou um balde de água fria nos ânimos do mercado ao anunciar, no meio da tarde, uma nova tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões de produtos chineses.
A declaração do Trump conseguiu derrubar as bolsas norte-americanas, que estavam subindo após não saber muito bem se o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) realizará novos cortes nos juros após a redução de 2,5% para 2,25% anuais. Essa reviravolta contaminou a B3 e impactou o câmbio, que subiu 0,71%, para R$ 3,847, diante da perspectiva de nova guerra comercial.
Os índices das bolsas de Nova York começaram a reverter a alta após Trump anunciar, via rede social, as novas barreiras tarifárias contra a China. A Dow Jones despencou 1,05% e a Nasdaq escorregou 0,79%. Já o Índice Bovespa, principal indicador da B3, abriu em alta e chegou à máxima de 104.056 pontos por volta das 14h, mas perdeu força. Encerrou o dia no azul, aos 102.126 pontos, com alta de 0,31%, após atingir a mínima de 101.819.
;A B3 estava reagindo bem ao corte de 0,5 ponto percentual na Selic, porque tinha gente achando que o Copom poderia vir com um corte menor, de 0,25 ponto. Mas, depois de Trump, os investidores ficaram preocupados com o anúncio inesperado de nova guerra tarifária. Isso gera instabilidade no mercado internacional;, explicou Gustavo Cruz, economista da escola de negócios Proseek.
O volume de negociações na B3 ontem surpreendeu os analistas. A bolsa registrou a movimentação de R$ 25,6 bilhões, bem acima da média de R$ 15 bilhões dos últimos dias. Contudo, esse montante não superou o recorde de R$ 47,2 bilhões registrado em 13 de fevereiro deste ano. A maior procura por ações chegou a gerar instabilidade nas operações de algumas corretoras, mas os servidores da bolsa ;operaram normalmente;, de acordo com a assessoria da B3.
- Viana deixará o BC
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, divulgou nota ontem comunicando a saída do diretor Carlos Viana de Carvalho, ;por razões pessoais;. Há três anos e três meses na autoridade monetária, a maior parte à frente da Diretoria de Política Econômica, Viana deixará o posto após a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação, em setembro de 2019. O economista Fábio Kanczuk deve assumir o cargo, que ocupou entre setembro de 2016 e outubro de 2018. Kanczuk deixou o BC para ser representante do Brasil no Banco Mundial, em Washington. O doutor em Economia pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles (EUA), ainda precisará ser sabatinado pelo Senado para assumir o posto.