Jornal Correio Braziliense

Economia

Com R$ 18,9 bilhões, Petrobras tem lucro recorde no primeiro trimestre

Resultado da estatal no segundo trimestre atinge R$ 18,9 bilhões, com alta de 87% em relação ao mesmo período do ano passado. Empresa foi beneficiada por fatores como preço do petróleo, taxa de câmbio e desinvestimentos

A Petrobras teve lucro líquido de R$ 18,9 bilhões no segundo trimestre deste ano, uma alta de 87% na comparação com o mesmo período de 2018 e um recorde histórico. O desempenho foi puxado pela venda da Transportadora Associada de Gás (TAG). Em relação aos primeiros três meses deste ano, quando a estatal teve lucro de R$ 4,031 bilhões, o aumento foi de 368%. A companhia divulgou seu balanço financeiro na noite desta quarta-feira (31/7).

No documento, a petroleira avaliou o desempenho financeiro como bom, mas ressaltou que os números foram beneficiados ;por fatores externos, como preços do petróleo, taxa de câmbio e por eventos não recorrentes, como desinvestimento de ativos;. O lucro líquido contábil, excluídos os fatores não recorrentes, foi de R$ 5,2 bilhões e o fluxo de caixa operacional chegou a R$ 20,5 bilhões.

A TAG também influenciou o resultado das receitas e despesas operacionais. No segundo trimestre, a receita operacional totalizou R$ 8,6 bilhões, contra a despesa de R$ 11,3 bilhões nos três meses anteriores. Segundo a Petrobras, ;esse resultado reflete o ganho de capital de R$ 21,4 bilhões com a venda da TAG, além da menor provisão para perdas com processos judiciais (R$ 514 milhões), e ganho com ressarcimento de R$ 309 milhões da Operação Lava-Jato;.

Na mensagem que acompanha o balanço, o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, informou que a dívida bruta mantém-se em patamar elevado, de US$ 101,0 bilhões. ;A Petrobras se defronta ainda com alavancagem financeira excessiva para uma companhia produtora de commodities e, portanto, exposta à volatilidade de preços e consequentemente de fluxo de caixa. Os encargos financeiros ainda consomem cerca de 40% do caixa operacional, o que evidencia a necessidade de desinvestimentos para a redução do endividamento.;

Volume de caixa

Por outro lado, a companhia encerrou o trimestre com uma dívida líquida de US$ 83,7 bilhões, o que evidenciou um volume de caixa excessivo, de US$ 17,4 bilhões, em 30 de junho. ;Isso se deveu ao fato dos recursos originados pela venda da TAG terem sidos recebidos nos últimos dias de junho. Com efeito, trata-se apenas de uma fotografia em determinado dia e o excesso de caixa está sendo utilizado, sendo nosso objetivo manter um caixa de US$ 6,6 bilhões;, informou o presidente. Segundo ele, a dívida deve cair no terceiro trimestre.

Os investimentos totalizaram US$ 2,6 bilhões, sendo 82% em atividades de exploração e produção. ;Em benefício da transparência e da eficiência da alocação de capital, revisamos os investimentos de 2019 de US$ 16 bilhões para o intervalo de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões;, disse.

A receita de vendas da empresa no segundo trimestre foi de R$ 72 bilhões, um resultado 2,4% maior que os três meses anteriores. Além disso, o resultado de fatores como um volume maior de vendas de diesel e gás de cozinha (GLP) no Brasil e ganhos maiores com exportações por causa dos preços das commodities também influenciaram. ;Estes resultados positivos foram parcialmente compensados pela redução das vendas das unidades internacionais (R$ 2,3 bilhões) e pela redução na receita de vendas com energia elétrica (R$ 1,2 bilhão), refletindo a diminuição dos preços em função da melhora das condições hidrológicas;, informou.

Os desinvestimentos somaram US$ 15 bilhões até o fim de julho, com destaque para as transações da TAG, da BR Distribuidora, primeira privatização via mercado de capitais na história do Brasil, e de campos maduros de petróleo. ;Ficamos ainda com 37,5% do capital da BR que, no futuro, temos a intenção de vender parcial ou totalmente;, ressaltou.

As ações da companhia fecharam em baixa antes da divulgação do resultado. As ordinárias tiveram queda de 1,53% e as preferenciais recuaram 1,84%, impactadas pela forte queda dos contratos futuros de petróleo, de quase 7%.