O dólar teve novo dia de volatilidade nesta quinta-feira, 1, mas firmou-se em alta na parte da tarde após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar pelo Twitter uma nova rodada de tarifas em US$ 300 bilhões de produtos chineses importados pelos americanos. Logo após a postagem, a moeda dos EUA bateu nas máximas do dia, superando R$ 3,85, dia em que o noticiário local ficou esvaziado. Em sessão de forte volume de negócios, o dólar à vista fechou cotado em alta de 0,71%, a R$ 3,8472, maior nível de fechamento desde 2 de julho.
O dólar já estava em alta no mercado internacional antes do tuíte de Trump sobre a China, por conta da visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode não promover um ciclo de corte de juros tão longo como o esperado, após as declarações de quarta do presidente da instituição, Jerome Powell. A declaração do presidente americano sobre a imposição de novas tarifas aos chineses, que vão valer a partir de 1º de setembro, ajudou a acelerar essa valorização e a divisa americana fechou em forte alta em vários mercados emergentes, incluindo África do Sul (+2%), Colômbia (+1,9%) e Rússia (+1,1%). Já entre moedas fortes, o dólar acabou se enfraquecendo.
"O impacto direto dessas tarifas (se impostas) serão modestos. Mas elas têm o potencial de prejudicar o crescimento mundial de forma mais substancial por meio de um impacto negativo na já fraca confiança dos agentes", escreveram nesta tarde os estrategistas do JPMorgan em Nova York.
Mais cedo, o real já estava pressionado, mas operou volátil pela manhã, chegando a recuar até R$ 3,81 na mínima do dia. Um dos fatores que pressionaram a moeda foi a redução do diferencial de juros entre o Brasil e os EUA, após o Banco Central cortar os juros em ritmo mais intenso aqui do que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "Um diferencial ainda menor não ajuda (o real)", ressaltam os economistas do Citibank, Leonardo Porto e Maurício Une.
Para os economistas do Citi, na ausência de um noticiário local mais forte, as notícias externas vão continuar ditando os movimentos do real. Após a decisão do Fed na quarta, o banco americano decidiu mudar sua recomendação para o real de "acima da média do mercado" ("overweight") para "abaixo da média do mercado" ("underweight").