Economia

Mercado espera que BC reduza a taxa Selic para 5% até o fim do ano

Recuo na Selic já era esperado pelo mercado, que estima que taxa pode chegar a 5% ao ano até dezembro. Para especialistas, o fato de a reforma da Previdência ter passado em primeiro turno no Congresso facilitou a decisão de queda de 0,5 ponto percentual

Hamilton Ferrari
postado em 01/08/2019 06:00
Recuo na Selic já era esperado pelo mercado, que estima que taxa pode chegar a 5% ao ano até dezembro. Para especialistas, o fato de a reforma da Previdência ter passado em primeiro turno no Congresso facilitou a decisão de queda de 0,5 ponto percentualO Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 6% ao ano, o menor percentual desde 1996, quando o regime de meta de inflação foi criado. A decisão atende às expectativas do Palácio do Planalto e, em especial, do presidente da República, Jair Bolsonaro, que, agora, vê os juros cair para o menor patamar da história. De acordo com analistas do mercado, a autoridade monetária sinalizou que novos cortes devem ocorrer na próxima reunião, marcada para meados de setembro.

A diretoria do BC tem mais três encontros em 2019. Com a queda, economistas já cogitam a Selic a 5% ao ano ou até menos neste ano, a depender dos indicadores de crescimento econômico e do cenário externo. Para analistas, o avanço da reforma da Previdência em primeiro turno no plenário da Câmara dos Deputados com placar elástico foi fundamental para a redução de 0,5 ponto percentual.

A diminuição da taxa já era esperada pelo mercado, uma vez que a atividade econômica ficou estagnada no primeiro semestre e ainda demonstra dificuldades de reação. A única divergência existente era sobre a intensidade do corte. Os mais cautelosos esperavam uma diminuição de 0,25 ponto percentual, devido ao perfil do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. Desde que assumiu o cargo, em fevereiro deste ano, nenhum tipo de mudança havia sido proposta para a Selic.

Mas, não foi o que ocorreu. O próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, disse, na manhã e nesta quarta-feira (31/7), que ;não é Dilmo;, mas que esperava uma redução da taxa básica. ;Estou torcendo apenas para que caia. Cada 1% da taxa Selic são R$ 40 bilhões a mais que a gente gasta por ano. A gente torce, pô! Eu não vou influenciar lá, eu não sou o Dilmo de calças compridas;, disse, na entrada do Palácio da Alvorada.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Carlos Thadeu de Freitas Filho, considerou a decisão correta e que o comunicado do BC foi como o esperado. Pelo texto do BC, o comitê informou que a ;consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo;. As projeções do Copom para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se mantiveram em torno de 3,6% para 2019 e 3,9% para 2020.

Freitas Filho destacou que, no penúltimo comunicado, o Copom havia sinalizado que o avanço da reforma da Previdência era preponderante. ;Deu muito peso à Previdência e reconheceu que tinha espaço para o corte. Com a votação em primeiro turno, com placar grande, não fazia sentido um corte gradual de apenas 0,25 ponto percentual nesta reunião;, disse.

Patrícia Pereira, especialista da Mongeral Aegon Investimentos, também tem leitura parecida. Ela afirmou, porém, que apesar de o BC sinalizar novo corte na próxima reunião, que deve ser de mais 0,5 ponto percentual, a autoridade monetária não copactua com a animação do mercado que levaria a Selic a índices muito menores.

Um trecho da nota do Copom, enfatiza que a comunicação ;não restringe sua próxima decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação;. Carlos Thadeu de Freitas Filho e Patrícia Pereira afirmaram que esperam mais dois cortes de 0,5 ponto percentual na Selic até o fim do ano, levando-a para 5% ao ano.

;O BC foi correto em começar o corte nesta reunião, com parcimônia, para acompanhar o avanço da reforma da Previdência. Como houve esse avanço, houve a abertura de um ciclo mais forte e mais rápido de queda, que deve ocorrer até a penúltima reunião do ano. Na última, deve manter estável para sinalizar que o ciclo terminou;, avaliou Patrícia.

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