Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros futuros sobem com Fed e à espera de decisão do Copom

Com uma arrancada na reta final dos negócios, na esteira de declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, os juros futuros encerraram a sessão regular desta quarta-feira, 31, em alta, acompanhando o movimento de fortalecimento do dólar. A despeito de uma maior movimentação, sobretudo na última hora de pregão, a liquidez ainda foi reduzida, com investidores sem disposição para alterar de forma significativa as apostas para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ainda nesta quarta. Entre os curtos, DI para janeiro 2020 subiu de 5,522% para 5,615%. Na parte intermediária, DI para janeiro de 2021 subiu de 5,417% para 5,500%, enquanto o DI para janeiro de 2023 passou de 6,30% para 6,35%. Na ponta longa, DI para janeiro de 2025 subiu de 6,84% para 6,90%. Na máxima, atingiu 6,92%. Apesar da alta das taxas dos contratos curtos, com alguma zeragem de posições, foi mantida no pregão a visão majoritária de que o Copom iniciará o ciclo de afrouxamento monetário com um corte da mais robusto da Selic. Cálculos da gestora Quantitas mostram que as taxas espelham 66% de chances de corte da taxa básica em 0,50% ponto porcentual, para 6% ao ano, ante 64% no fim da sessão de terça. Para o ciclo total de queda da Selic, também houve redução marginal, de 1,20 ponto na terça para 1,13 ponto nesta quarta. Enquanto o mercado de juros futuros se inclinva para um corte maior, os economistas se mostraram divididos. De 51 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 51 esperavam que o início do processo de flexibilização monetária acontecesse em julho, sendo que 26 aguardavam corte de 0,25 ponto, e 25, de 0,50 ponto porcentual. Como esperado, o Fed anunciou, em seu comunicado, redução dos Fed funds em 0,25 ponto porcentual (para uma faixa entre 2,0% para 2,25%) - o que fez com que os mercado reagissem de forma morna. A novidade veio na entrevista coletiva de Powell. Primeiro, o presidente do BC americano disse que a decisão de cortar os juros era apenas um ajuste no meio de um ciclo de política monetária, o que foi interpretado por investidores como sinal de que não haveria mais redução dos Fed funds. Foi o que bastou para que o dólar ganhasse força globalmente, movimento que respingou no real e acabou levando as taxas futuras a acelerar e atingir as máximas do dia. Em seguida, Powell pôs panos quentes e afirmou não ter dito que não pode haver outros cortes de juros à frente. Na verdade, o sinal é de que a redução desta quarta não representa o início de um ciclo longo de afrouxamento monetário. Em resposta, o dólar reduziu o ritmo de alta, o que fez as taxas dos DIs se afastarem das máximas. Para o economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flávio Serrano, a sinalização do Fed de que não haverá uma sequência de redução de juros nos Estados Unidos reforça a possibilidade de que o ciclo de afrouxamento monetário doméstico não seja muito longo. "O ciclo deve ser de cerca de 1 ponto, eventualmente chegando a 1,5 ponto. Nesse cenário, o comunicado de hoje (quarta) ganha ainda mais importância", diz Serrano, que reiterou, após o Fed, a projeção de corte de 0,25 ponto nesta quarta e Selic em 5,50% no fim do ano. "Não vemos espaço para um ciclo longo e muito intenso, mesmo se o BC vier com a mão mais pesada. Mas podemos rever, dependendo do comunicado", afirma.