Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas da Europa fecham mistas, na esteira de BCE e indicadores econômicos

As principais bolsas europeias fecharam nesta sexta-feira, 26, sem direção única. O mercado ainda digere as sinalizações emitidas na quinta pelo Banco Central Europeu (BCE) e seu presidente, Mario Draghi, enquanto indicadores de fraca atividade econômica na zona do euro e locais pesam sobre os pregões da Europa. O índice pan-europeu Stoxx 600 avançou 0,31%, para 390,73 pontos, acumulando alta de 0,89% na comparação semanal. Mesmo com os sinais mistos dados pelo BCE e por Draghi, o consenso entre especialistas é de que a autoridade monetária irá cortar juros em setembro e possivelmente adotar outras medidas de acomodação, como a retomada do programa de relaxamento quântico (QE, na sigla em inglês). "Com os efeitos de qualquer medida limitados por juros já muito baixos e um balanço patrimonial 'inchado', o BCE ainda está procurando a melhor combinação de políticas para estimular a economia", escrevem analistas do LPL Research. O mercado também repercute a série de indicadores divulgados ao longo da semana, com ênfase no fraco índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria na zona do euro. O economista Angel Talavera, da Oxford Economics, lista as tensões comerciais, o setor automobilístico e a maior chance de um Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia) sem acordo como os principais riscos à economia na região. "Com a deterioração do crescimento e da perspectiva para a inflação, o BCE deve anunciar um pacote abrangente de estímulos em setembro", avalia. Por hora, no entanto, a perspectiva de relaxamento monetário aliviou algumas preocupações e favoreceu os mercados acionários de forma geral. O índice CAC 40, da bolsa de Paris, subiu 0,57% para 5.610,05 pontos, com alta semanal de 1,04%. Diversas companhias francesas tiveram destaque entre as líderes de ganhos, como a consultoria Sopra Steria (+17,0%), a prestadora de serviços de atendimento Teleperformance (+10,28%), a petrolífera SPIE (+7,24%) e o conglomerado de mídia Vivendi (+6,03%). Em meio à temporada de balanços financeiros, a Renault divulgou seu lucro líquido de 970 milhões de euros no primeiro semestre do ano, 50% menor do que o mesmo período no ano anterior, além da queda de 6,4% da receita no mesmo período. A companhia culpa a parceira Nissan Motors pelo recuo nos lucros. O índice FTSE 100, da bolsa de Londres, ganhou 0,80%, aos 7.549,06 pontos, com avanço semanal de 0,54%. Já o índice DAX, da bolsa de Frankfurt, avançou 0,47% para 12.419,90 pontos, 1,30% a mais do que o fechamento da última sexta-feira. Por outro lado, na Itália e na Espanha, o setor bancário liderou perdas e pressionou os pregões nesta sexta-feira. O índice FTSE MIB da bolsa de Milão caiu 0,30% a 21.837,34 pontos, com alta de 0,91% na comparação semanal, em meio à desvalorização dos bancos UBI (-3,01%), FinecoBank (-2,67%), BPM (-1,59%) e BPER (-1,05%). Já na bolsa de Madri, com a queda dos bancos Sabadell (-6,68%), Caixabank (-5,88%), Bankia (-4,65%) e Bankinter (-3,31%), o índice Ibex 35 teve baixa de 0,69%, aos 9.225,50 pontos, ganhando 0,60% na semana. As economias dos dois países são ameaçadas por crises políticas internas. Na Itália, existe o risco de dissolução da coalizão do governo por divergências entre os partidos Liga e Movimento 5 Estrelas, aos quais pertencem os dois vice-primeiros-ministros Matteo Salvini e Luigi di Maio. Já na Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez registrou esta semana sua segunda derrota no voto de confiança do Parlamento, crescendo as chances de novas eleições se os partidos de esquerda não conseguirem formar uma aliança. Na bolsa de Lisboa, o índice PSI 20 fechou em queda de 0,76%, aos 5.141,38, e foi o único entre os seis principais europeus a recuar na comparação semanal, perdendo 1,17%.