O índice de confiança do consumidor medido pelo SPC Brasil voltou a cair em julho. O indicador, que havia subido para 46,1 pontos em junho, de 45,1 em maio, caiu para 44,9 pontos em julho. A confiança só é considerada positiva se superar os 50 pontos.
A avaliação das pessoas entrevistadas, um total de 800, caiu tanto na percepção sobre o cenário econômico e financeiro atual, de 36,9 em junho para 35 pontos julho, quanto nas expectativas de mudança, que recuaram de 55,3 no mês passado para 54,8 pontos neste mês.
A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara, principal evento econômico de julho, foi considerada por economistas e empresários um passo importante dado pelo Parlamento em direção à recuperação da economia, em razão da crise fiscal pela qual passa o País. Alterações no sistema previdenciário, contudo, são vistas por governos como medidas impopulares, porque costumam elevar o tempo necessário de trabalho para que as pessoas se aposentem.
Em uma comparação com o início do ano, a confiança dos consumidores brasileiros apresenta queda mais intensa. Em janeiro, o índice estava em 49 pontos, 4,1 pontos a mais que em julho. Parte da retração é explicada pela lentidão na recuperação da atividade econômica. Em janeiro, quando o governo Jair Bolsonaro iniciava o seu mandato, havia um maior otimismo, alimentado pela vitória do presidente nas urnas e a expectativa com medidas econômicas.
"O emprego e a renda são variáveis essenciais na formação da confiança, mas dependem de um ritmo mais vigoroso de avanço da atividade econômica, que segue a passos lentos", afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior. "Por ora, o que prevalece é a frustração com a lentidão da retomada econômica. Dados de mercado indicam uma melhora no ambiente, mas ainda está aquém do que o consumidor deseja", diz José Cesar da Costa, presidente da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), sistema do qual faz parte o SPC.
Os executivos, contudo, acreditam que a situação pode melhorar nos próximos meses, com os primeiros efeitos da reforma da Previdência nas decisões das empresas e o ensaio para as discussões de uma reforma tributária. Além disso, nos últimos dias o governo federal anunciou a liberação de saques de contas ativas e inativas do FGTS e do PIS/Pasep.
De acordo com o levantamento, a cada dez brasileiros, quase sete (66%) avaliam negativamente as condições atuais da economia brasileira. Para 27%, o desempenho é regular e para 6% o cenário é positivo. Entre os principais motivos da avaliação negativa os consumidores apontam a alta do desemprego (67%), dos preços (59%) e das taxas de juros (35%).