Depois de três pregões de queda, os juros futuros avançaram nesta quinta-feira, 25. Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, as tesourarias se ampararam no ambiente externo de alta do dólar e das taxas dos Treasuries americanos para promover uma leve recomposição de prêmios.
Dados acima do esperado nos Estados Unidos e a decepção com a ausência de novos estímulos monetários por parte do Banco Central Europeu (BCE) provocaram um realinhamento das curvas de juros ao redor do mundo. Desagradou os investidores o fato de o presidente do BCE, Mario Draghi, ter dito em entrevista coletiva que a possibilidade de alteração imediata da política monetária não foi sequer discutida na reunião do BCE. Também foram frustradas as expectativas, embora minoritárias, de retomada do programa de compra de ativos para injeção de dinheiro na economia europeia.
Embora não se mantenha a perspectiva de juros menores e mais estímulos monetários tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, houve uma redução das apostas em ações mais agudas no curto prazo tanto por parte do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
O estrategista da Monte Bravo, Rodrigo Frachini, observa que já não havia mais espaço para quedas expressivas de taxas de juros, após a rodada recente de diminuição de prêmios. Sem encontrar fundamentos na economia doméstica para novas quedas, as taxas tendem a ficar mais suscetíveis aos movimentos de ativos globais. "A partir de agora vamos ficar mais expostos ao cenário externo. Qualquer mudança na expectativa para as decisões do Fed vai bater mais forte na nossa curva", diz.
Também contribui para o processo de recomposição de prêmios, sobretudo pela manhã, quando as taxas renovaram máximas, o leilão expressivo de NTN-F e LTN. Foram vendidas todas as 6,5 milhões de LTNs ofertadas e 1,752 milhões de NTN-F, da oferta de 2 milhões de títulos. Investidores tentaram capturar taxas mais altas em uma semana que antecede o encontro do Copom (dias 30 e 31).
Entre os curtos, DI para janeiro de 2020 subiu de 5,57% para 5,60%. Na parte intermediária da curva, DI para janeiro de 2021 foi de 5,40% para 5,46%, e DI para janeiro de 2023, de 6,27% para 6,35%. Entre os longos, DI para janeiro de 2025 subiu de 6,84% para 6,90%.
A alta dos juros futuros nesta quinta-feira não alterou de forma significativa a expectativa para a trajetória da Selic. As taxas seguem espelhando cerca de 60% de chances de corte de 0,50 ponto porcentual na semana que vem, para 6% ao ano, e ciclo total de afrouxamento monetário entre 1 ponto e 1,25 ponto porcentual.
Entre os economistas, há uma divisão mais clara em relação à magnitude da primeira redução da Selic. De 55 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 51 esperam início da flexibilização monetária neste mês - 27 aguardam corte de 0,25 ponto, ao passo que 24 esperam redução de 0,50 ponto.