As ações da BR Distribuidora fecharam o dia em alta de 1,19%, vendidas por R$ 26,32, no primeiro pregão como empresa de capital privado. Como reflexo do anúncio da venda de 30% da participação da Petrobras, na noite de terça-feira, os papéis chegaram a ser cotados a R$ 27,63, maior preço desde a abertura de capital na bolsa, em dezembro de 2017.
Com a venda, a estatal arrecadou R$ 8,6 bilhões e passou a deter 41,25% do capital da subsidiária de postos de combustíveis. Antes, controlava 71,25%. Assim, a Petrobras deixou de ser a maior acionista da distribuidora, que passou a ter mais capital privado do que estatal.
A negociação pode render um volume ainda maior nos próximos dias e chegar a R$ 9,6 bilhões. Isso porque, além dos quase 350 milhões de ações que foram vendidas, por R$ 24,50 cada uma, ainda há um lote suplementar de 43,7 milhões de papéis, que serão ofertados pelo mesmo preço. Caso a operação se concretize, a participação da Petrobras na BR cairá para 37,5%. Até 2017, a estatal era a única proprietária da distribuidora.
Com a saída da Petrobras do controle da companhia, os bancos avaliam que a estatal terá mais eficiência e poderá atrair mais investidores. A BR, que hoje precisa fazer licitação para distribuir os produtos pelo menor preço oferecido, poderá fazer contratos mais flexíveis e com condições mais vantajosas. O objetivo da operação é levantar recursos para o pagamento de dívidas e para investimento na exploração do pré-sal.
A privatização da BR faz parte do plano desinvestimentos da Petrobras, que vendeu 90% das operações da TAG, subsidiária de gasodutos, por R$ 33 bilhões, em junho. No radar, também estão a venda de oito das 13 refinarias e da distribuidora Liquigás, além de 15 usinas térmicas e redes de postos em outros países.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis), Paulo Tavares, o impacto da venda das ações vai depender se haverá ou não o processo de verticalização no país, que é quando a distribuidora vende diretamente para o consumidor. ;Para acontecer, deve haver uma mudança na lei. O próprio Conselho Nacional de Política Energética pediu prazo de 180 dias para analisar uma possível verticalização. Mas, se fizer isso com combustíveis, vai poder fazer a mesma coisa com as bebidas, então, está muito obscuro;, comentou.
Mercados
A venda das ações da BR ajudou a segurar o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), na casa dos 104 mil pontos. Ao fim do pregão de ontem, a alta foi de 0,4%, a 104.119 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 16,04 bilhões. O dólar comercial ficou praticamente estável em relação ao dia anterior, com queda de 0,09%, cotado a R$ 3,769. Os agentes econômicos esperam uma nova rodada de corte de juros pelos principais bancos centrais, o que pode beneficiar moedas emergentes, como o real.
O Ibovespa tem operado com menor volatilidade devido ao recesso parlamentar, que suspende as negociações no Congresso sobre as reformas da Previdência e tributária. A privatização da BR foi um dos destaques positivos no cenário doméstico, mas a bolsa também reagiu à liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), anunciada pela equipe econômica do governo.
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, confirmou que o limite de saque será de R$ 500 por conta, não por CPF, e que deve atingir R$ 30 bilhões este ano. ;Os dados frustraram, uma vez que se falava em saques de até 35% do total no lançamento;, comentou Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais. Ele acrescentou que o Ministério da Economia especificou melhor as bases do saque e acrescentou que não faltarão recursos para construção, doenças e aposentadoria.