Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas da Europa fecham mistas com comentários de Williams e tensões na Itália

As principais bolsas europeias fecharam sem direção única nesta sexta-feira, 19, influenciadas pelas sinalizações "dovish" do dirigente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de Nova York, John Williams, para a política monetária nos Estados Unidos. Os atritos políticos internos na coalizão do governo italiano também impactaram os pregões europeus. O índice pan-europeu Stoxx 600 avançou 0,12% para 387,25 pontos, com alta de 0,10% na comparação semanal. Em discurso na tarde de ontem, Williams alertou para a necessidade de "ação rápida" de bancos centrais em momentos de "condições econômicas adversas", referindo-se a reduzir os juros e mantê-los em níveis baixos por mais tempo. Embora um porta-voz do Fed de Nova York tenha afirmado que a fala tinha tom acadêmico, o mercado interpretou as declarações como sinais de uma política monetária ainda mais "dovish" no curto prazo. Além disso, crescem as expectativas de que o Banco Central Europeu (BCE) anuncie maior acomodação monetária na próxima semana. O analista Carsten Brzseki, do ING Group, aponta que as declarações "dovish" do presidente Mario Draghi e a pouca evidência de melhor perspectiva econômica na zona do euro justificaria uma mudança de diretrizes e a retomada do programa de compra de ativos em setembro. "Neste cenário, será muito difícil que o BCE mande mensagens suficientemente 'dovish' sem tomar atitudes de fato na reunião da próxima semana", avalia. Por outro lado, a escalada de tensões políticas na Itália pressionou os mercados acionários europeus nesta sexta-feira. Os vice-primeiros-ministros Luigi di Maio (Movimento 5 Estrelas) e Matteo Salvini (Liga) divergiram sobre a eleição da alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, causando uma crise entre os partidos que repercutiu fortemente nos pregões italianos. Os conflitos internos entre as duas siglas na Itália geram preocupações quanto a uma possível ruptura da coalizão do governo, o que poderia provocar eleições antecipadas ainda este ano. Neste caso, um levantamento do Morgan Stanley sugere maior chance de vitória de partidos de direita, como a Liga e o Irmãos da Itália. O índice FTSE MIB, da Bolsa de Milão, recuou 2,03%, a 21.641,46 pontos, com queda de 2,44% desde a sexta-feira passada. Alguns bancos italianos que vinham apresentando bom desempenho nas últimas sessões lideraram perdas no Stoxx 600 hoje, como o BPM (-6,03%), UBI (-4,48%) e UniCredit (-3,66%). Em Londres, o índice FTSE 100 fechou com ganho de 0,21%, a 7.508,70 pontos, acumulando avanço de 0,04% na semana. A alta do minério de ferro na China beneficiou mineradoras cotadas em Londres como a Antofagasta (+3,94%), Anglo American (+2,27%), BHP (+1,57%) e Rio Tinto (+1,49%). Já na Bolsa de Paris, o índice CAC 40 fechou próximo à estabilidade, subindo 0,03% para 5.552,34 pontos, registrando perda de 0,37% na semana. Nos pregões alemães, empresas dos setores de tecnologia e química impulsionaram o índice DAX, que ganhou 0,26%, a 12.260,07 pontos, mas recuou 0,51% desde a última sexta-feira. A prestadora de serviços digitais Wirecard (+5,27%), a produtora de semicondutores Infineon (+1,87%), a farmacêutica Bayer (+1,34%) e a fabricante de polímeros Covestro (+1,70%) estiveram entre as maiores altas. Na Bolsa de Madri, o índice Ibex 35 caiu 0,60% para 9.170,50 pontos, com recuo de 1,32% na comparação semanal. Já o índice PSI 20 da Bolsa de Lisboa teve baixa de 0,35%, a 5.202,23 pontos, 0,36% abaixo do último fechamento da semana passada.