Jornal Correio Braziliense

Economia

Faltam dólar e euro nas casas de câmbio



Em pleno período de férias, bancos e casas de câmbio estão com dificuldade para atender à demanda por dólar e euro, diante da queda da cotação e da procura maciça. Nas poucas em que se podia encontrar as moedas ontem, as vendas estavam limitadas a determinadas quantias, com a cotação média de R$ 4,03 (dólar) e R$ 4,48 (euro), já com a inclusão do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Analistas reconhecem que a recente queda nos preços das moedas, devido à aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados, provocou uma corrida em busca das divisas, que estão no menor nível desde o início de março. Mas ressaltam que bancos e casas de câmbio podem estar especulando. Como teriam comprado as moedas por valores maiores do que os atuais, não querem vendê-las com prejuízos.

Correntista do Banco do Brasil, o advogado Gustavo Tourinho, 37 anos, está de olho no dólar para a mãe, que viaja no início de agosto. Ele optou pela praticidade de adquirir por aplicativo, mas se surpreendeu ao não encontrar local para retirada. ;Estou esperando a cotação abaixar há um mês, e de 10 dias para cá, não estou encontrando a moeda. Pelo aplicativo, a gente reserva e tem dois dias para pegar em uma agência, mas não encontrei nenhuma com disponibilidade. Pensei que era um problema pontual, mas, conversando com um amigo do banco, ele me disse que não há previsão para chegar. Fui em três outros lugares e me deparei com a mesma situação;, conta. Com o mês de férias, a expectativa é de que haja reabastecimento de moedas na próxima semana.

Sem dólar, o operador da Seleto câmbio, Paulo Keoma, vem enfrentando dificuldades para atender os clientes. ;Está sendo bastante complicado, estamos vendendo com prazo para a próxima semana. Essa escassez ocorre desde o início do mês. A nossa saída está sendo procurar dinheiro em outras cidades, como São Paulo e Rio. Muitos dos clientes fidelizados estão preferindo esperar para ver se o valor vai cair mais. Mas uma alternativa para atender à demanda está sendo a venda dos cartões multimoedas;, diz.

Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset, avalia que a economia mundial está dovish, expressão que reflete uma postura do mercado com taxas de juros mais baixas e mais tolerante com a inflação, o que vem motivando a baixa do câmbio. ;O dólar enfraquece no mundo inteiro. Os bancos centrais estão abrindo caminho para cortes de juros maiores na tentativa de estimular a economia. Isso fortalece as moedas diante do dólar. Aqui, isso se somou ao otimismo pela reforma da Previdência;, explicou.

* Estagiária sob supervisão de Rozane Oliveira