A equipe econômica bem que tentou guardar a sete chaves os detalhes da reunião de ontem para traçar as metas depois da aprovação da reforma da Previdência. No entanto, fontes próximas ao governo afirmam que a maior preocupação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e dos secretários da área é encontrar a melhor forma de conseguir verba para pagar as emendas distribuídas aos parlamentares ; fora as obrigatórias ;, sem estourar o deficit nas contas públicas, de R$ 139 bilhões.
Outras prioridades também estiveram na pauta, com a reforma tributária, privatizações, fim dos monopólios e a retomada do protagonismo do Executivo, já que a aprovação da reforma da Previdência ficou na conta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que começa a ser chamado de primeiro-ministro.
Na reunião, teria sido traçado um detalhamento de como os projetos discutidos serão concretizados. Mas o que ficou claro é que vai ser difícil fechar as contas. Nos cálculos da Associação Contas Abertas, nos 10 primeiros dias de julho, foram liberados R$ 2,7 bilhões. ;Esse valor, se considerados os 43 meses desde janeiro de 2016, fica em quarto lugar, inferior apenas a alguns períodos importantes, como a saída da ex-presidente Dilma e a entrada de Michel Temer, entre outros;, explicou Gil Castello Branco, secretário-geral da Associação. O que também pode embaçar os planos do governo, destacou outra fonte, é que, por mais que o governo se esforce, é possível que não consiga pagar as promessas.
A dificuldade aumentou na noite de quarta-feira, logo após a aprovação da reforma da Previdência, em primeiro turno. O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT-PE) entrou com uma ação popular contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e com um mandado de segurança contra o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na Justiça Federal. Ele alegou que os dois confirmaram que a liberação dos recursos foi mesmo pela aprovação da reforma, o que fere a Lei Orçamentária, viola o princípio do interesse público e configura desvio de finalidade. Caso a Justiça acate as ações, as emendas empenhadas não poderão ser executadas.
Para os analistas de mercado, o governo está, a princípio, alinhado com as exigências dos investidores. ;Entendeu que, agora, o foco deve ser a reforma tributária, as concessões e privatizações, a quebra de monopólio e o destravamento dos gargalos da infraestrutura, para ter fôlego em 2020. É como se o governo Bolsonaro começasse agora. O ministro Paulo Guedes quer mostrar serviço, porque, no primeiro semestre, a única coisa que mudou o cenário de médio e longo prazos foi o acordo com do Mercosul com a União Europeia;, afimrou o economista César Bergo, sócio-consultor da Corretora OpenInvest.