São Paulo ; Excesso de queijo, duas azeitonas na mesma fatia ou apenas a circunferência imperfeita não chegam a ser motivo de preocupação para quem pede uma pizza em casa. Mas para as indústrias desse segmento, qualquer imperfeição pode significar desperdício ou a insatisfação do cliente. O problema pode ser ainda maior quando a linha de produção é capaz de fazer 6 mil pizzas por hora, como no caso da unidade da BRF em Ponta Grossa, no interior do Paraná, que, segundo a empresa, tem o título de maior fábrica de pizzas do Brasil.
De olho nos possíveis ganhos, a companhia começou a digitalizar a fábrica de pizzas. A coleta de dados na linha de produção, antes anotada a caneta por funcionários, em planilhas, passou a ser feita por meio de smartphones. Na nova rotina, os operadores usam um aplicativo e as informações coletadas são armazenadas em nuvem. A companhia não fala em números, mas espera com a mudança na linha de produção reduzir o desperdício de matéria-prima, melhorar a produtividade e baixar os custos operacionais.
Leandro de Lima, gerente de tecnologia da informação da BRF, conta que o aplicativo tem capacidade para registrar informações como diâmetro e temperatura do produto na linha de produção, o que antes era apontado em planilhas para que depois fossem feitos cálculos sobre possíveis inconsistências no padrão. O app é programado para, segundo a análise de dados, gerar um alerta para caso haja algum problema nas informações coletadas durante a produção das pizzas, o que agiliza a tomada de decisão se for necessário alterar ou interromper o processo.
;Se a pizza estiver fora do padrão, será gerado um alerta em tempo real. A tomada de decisão sobre a necessidade de calibrar uma máquina é na hora. Por exemplo, se o app mostrar que a pizza está com o peso acima do definido, é porque a máquina está colocando mais ingredientes. O objetivo é melhorar o processo de gestão, que antes era feito manualmente;, explica Lima.
A novidade ainda está em fase-piloto e, depois de a ferramenta ser usada pelos operadores, a próxima fase, que deve ser implantada ainda em julho, será dar uma funcionalidade para os gestores. ;Antes isso acontecia na plataforma, no computador. Agora, esse mesmo alerta estará no bolso, no smartphone;, diz o executivo da área de TI.
Para os operadores, conta Lima, a mudança do papel para o smartphone não teve traumas, ao contrário. Segundo ele, como o uso do celular já faz parte da rotina das pessoas, a transição foi fácil e os funcionários ficaram empolgados com a novidade. Com o tempo, segundo o gerente de tecnologia da BRF, o objetivo é que por meio de machine learning esses dados passem a ser tratados de forma a ajudar na tomada de outras decisões na companhia.
A modelagem de digitalização na linha de produção desenvolvida em Ponta Grossa será expandida para outras unidades da BRF. As próximas fábricas que terão a nova tecnologia serão as de Toledo (PR), Videira (SC) e Lucas do Rio Verde (MT). O novo software será instalado nas linhas de produção de presuntos, de processamento de aves e de mortadela. A companhia pretende que todas as 27 unidades adotem esse tipo de solução para digitalizar dados. A BRF vem passando por uma mudança digital em diferentes áreas de negócio. Já estão em funcionamento soluções para as áreas de logística, comercial, agropecuária e de recursos humanos.