A crise do transporte aéreo e o custo para despachar bagagem e para reservar assento são fatores que levam os viajantes a escolherem as estradas. ;Depois do corte de voos da Avianca, que resultou em uma menor oferta de voos e em um aumento de preços, a troca do avião pelo ônibus é um movimento inevitável;, disse Ulysses Reis, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e sócio da consultoria Inovação em Varejo. ;Além dos custos, muitos turistas estão evitando viajar de avião em decorrência da crise do setor aéreo no país, que tem cancelado muitos voos de última hora.;
Desde 2010, quando o número de pessoas transportadas por avião ultrapassou o das que viajavam de ônibus pela primeira vez no país, a procura pelas estradas vinha caindo ; a exceção foi 2012, quando houve uma leve alta. Mas o cenário mudou novamente. De acordo com a Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata), que reúne as 290 maiores companhias de aviação do mundo, a projeção de lucro do mercado brasileiro neste ano caiu de US$ 35,5 bilhões para US$ 28 bilhões, uma retração de 21%. Na comparação com 2018, o lucro estimado pela Iata representa queda de 6,7%.
Já em faturamento (vendas de passagens e serviços adicionais) para 2019, a entidade prevê crescimento de 6,5%, chegando a US$ 865 bilhões. Em relatório, a Iata informou que o ambiente de negócios para as companhias aéreas piorou em razão do aumento nos preços dos combustíveis e do enfraquecimento do comércio global.
Os custos gerais da aviação vão subir 7,4% neste ano, superando o aumento estimado de 6,5% nas receitas. Como resultado, as margens líquidas devem ficar em 3,2%, ante 3,7% em 2018. ;Este ano será o décimo consecutivo de lucro para o setor aéreo. Mas as margens estão sendo pressionadas pelo crescimento dos custos, incluindo mão de obra, combustível e infraestrutura. A forte concorrência entre as companhias aéreas impede as empresas de aumentar seus rendimentos. Ainda terão lucro este ano, mas não vai ser fácil;, afirmou o presidente da Iata, Alexandre de Juniac.
Oportunidade
A dificuldade das companhias aéreas tem feito a alegria das empresas de ônibus. De olho nessa mudança de hábitos dos passageiros, o Grupo JCA ; dono das viações Cometa, Catarinense e 1001 ; decidiu investir em frentes para tornar as viagens de ônibus mais agradáveis.
A empresa está implementando o bilhete de passagem eletrônico (BPE) em todas as praças em que atua, permitindo que o cliente compre sua passagem pela internet e possa embarcar direto na plataforma, apresentando o bilhete eletrônico e documento de identificação. ;Simplificar o embarque do cliente para que ele possa ter liberdade e aproveitar melhor o seu tempo faz parte da nossa missão de tornar a experiência do viajar de ônibus cada dia melhor;, diz Rodrigo Trevizan, diretor de marketing do Grupo JCA. ;Em paralelo ao lançamento dos novos sites, a empresa vai investir na melhoria na qualidade de internet wi-fi nos ônibus.;
Um trunfo a favor dos ônibus é a franquia mais flexível de bagagem. O passageiro tem direito a transportar uma bagagem de até 30kg e uma bolsa de mão de 5kg, além da possibilidade de viajar com o seu pet no assento ao seu lado, seguindo os procedimentos das empresas. O cliente também pode optar por uma viagem leito, com poltrona com inclinação de 180 graus. ;Buscamos melhorar nossos processos continuamente e tornar o nosso serviço ainda mais descomplicado, confortável e eficaz para os passageiros;, finaliza Trevizan.