Economia

Padovani: ''Previdência será aprovada porque há um medo social de ruptura''

Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim, foi um dos palestrantes no seminário 25 anos do Plano Real, os desafios para o Brasil, promovido pelo Correio nesta segunda

Cláudia Dianni
postado em 01/07/2019 16:30
Roberto Padovani, economistaO Plano Real venceu o passado e o futuro, disse Roberto Padovani, economista-chefe do Banco Votorantim durante sua fala no seminário 25 anos do Plano Real, os desafios para o Brasil, nesta segunda-feira (1;/7), no auditório do Correio. Segundo Padovani, em 1; de julho de 1994, quando a nova moeda começou a circular, deixou para trás uma trajetória inflacionária alta de 80 anos. "Reduzimos a inflação de 5000% em junho de 1994, para 2% em pouco mais de quatro anos. Algo espetacular;, disse o economista, que era assessor da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda comandado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na época em que o Plano Real foi implementado.

Em sua palestra no painel Uma radiografia do Real e do Brasil hoje, ele dividiu a história da inflação no Brasil em cinco momentos nos últimos 100 anos. Entre 1916 e 1953, quando o reajuste médio anual dos preços foi de 8%, segundo ele, um dos melhores períodos. ;No pós-Guerra (segundo Guerra Mundial) e sobretudo depois do governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961), foi quando começou a escalada inflacionária vivida pelo país ao longo do século 20 e a taxa média anual subiu para 34% com instabilidade. Nos anos 80, até 1986, a taxa média anual subiu para 143% e a partir de 1987 o Brasil entrou no período de hiperinflação, quando a taxa anual média de inflação subiu o nível espetacular de 1.240%, chegando ao pico de 7000% em abril de 1990.

Para ele, depois de vencer o passado inflacionário, o Plano Real venceu também o futuro incerto ao criar um ambiente propício para criar ferramentas de gestão da economia que são aplicadas até hoje. ;O Plano venceu um ambiente que era institucionalmente muito frágil e transformou a história brasileira;, lembra o economista de 50 anos, vividos metade em cada Brasil, um com e outro sem inflação. ;Meu filho não consegue imaginar o mundo sem internet, imagina sem estabilidade da moeda;, brincou.

De acordo com Padovani, o Real abriu o caminho para instrumentos econômicos como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o regime cambial flutuante, o sistema de metas de inflação. ;Trocamos a ideia de choques econômicos para um período de regras de gestão. Hoje o Basil tem processos, transparência das contas públicas. E isso só passou ser viável depois que saimos do atoleiro diário em que vivíamos, em que não era possível planejar o amanhã;, disse.

Reforma da Previdência

Para Padovani, o histórico da economia brasileira, e no mundo, mostra que mudanças necessárias são feitas em épocas de crise, quando as reformas são feitas quando o custo de não fazê-las tornar-se muito grande. ;A reforma da Previdência será aprovada porque há um medo social de ruptura, como havia quando foi feito o Plano Real. Mas não basta ter uma crise para mudar. É preciso ter equipe econômica de qualidade para traduzir as demandas públicas em ações concretas;, disse. Para ele, há hoje as mesmas resistências políticas, para fazer reformas, que havia na época do Plano Real, quando o Plano foi acusado de ser uma agenda eleitoreira para eleger Fernando Henrique Cardoso presidente.

o Seminário Uma Radiografia do Real e o Brasil de Hoje é realizado pelo Correio com apoio da Febrafite, dos Sistema Fibras, da Multiplan, da Fundação Getúlio Vargas e da FeComércio-DF

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