Jornal Correio Braziliense

Economia

Histórias de uma moeda



Os R$ 100 encolheram
Apesar de ter derrotado a hiperinflação, o Plano Real não impediu, ao longo do tempo, a redução do poder de compra da população. Para comprar os mesmos produtos de 1994 com os R$ 100 da época, o brasileiro precisaria hoje de R$ 608,18, segundo cálculos do BC. Ou seja, os R$ 100 da época do lançamento do Real correspondem a 16,44% dos R$ 100 de hoje.


O pãozinho virou vilão
Para mostrar a força do real durante o seu lançamento, em julho de 1994, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi à padaria Peres, no Gama. O pãozinho que ele comeu ficou, desde então, 693% mais caro pelas contas do IBGE, com reajuste acima da inflação (508%). A padaria, depois da fama repentina, faliu.


O frango encareceu
A autônoma Maria Selma dos Santos, 58 anos, não lembra ao certo do preço do frango no período de hiperinflação, mas tem certeza de que o produto está bem mais caro. Símbolo do Plano Real, o frango subiu, desde o lançamento da moeda, 454%, custando, na média, R$ 8,90 o quilo. Para ela, quase tudo no mercado está mais caro, o que atrapalha nas contas de casa.


Iogurte tem alta de 269%
A primeira vez que o aposentado Altamir Oliveira, 58 anos, viu um iogurte foi numa cerimônia na Presidência da República em 1980, onde trabalhou. Ele lembra que era raro encontrar o produto nos supermercados, e, quando tinha, eram poucas opções. ;Depois do Plano Real, o iogurte apareceu mais. Hoje, está bem mais caro;, diz. Em 25 anos, o produto teve reajuste médio de 269%.


Bolsonaro contra a URV
Um dos pontos cruciais para a criação do Plano Real veio com a necessidade de aprovação da Medida Provisória n; 434, que colocaria na vida dos brasileiros a Unidade Real de Valor (URV). PT e PDT, da oposição, colocaram obstáculos na sessão que discutiu o pedido do governo. Entretanto, o único que votou contra foi Jair Bolsonaro, então deputado federal pelo PPR.