A situação fiscal do país pouco mudou. O governo continua gastando mais do que arrecada e acumula um buraco nas contas que já chega a R$ 138 bilhões. De acordo com dados fiscais divulgados ontem, o resultado primário do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social), em maio, foi negativo em R$ 14,7 bilhões, acima do registrado no mesmo mês de 2018, de R$ 11 bilhões. Com isso, a projeção para 2019 aponta para um rombo nos cofres públicos de R$ 138 bilhões, apesar do contingenciamento de R$ 31,7 bilhões na despesa primária.
O Tesouro Nacional e o Banco Central foram superavitários em R$ 178 milhões, enquanto a Previdência Social (RGPS) teve resultado negativo de R$ 14,9 bilhões, em maio. Para o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, os números não surpreenderam. ;Tivemos, no ano passado, a venda de R$ 3,5 bilhões do Fundo Soberano. Excluindo esse fator, o deficit de maio foi muito parecido com o do mesmo mês de 2018;, avaliou.
Para o Brasil sair desse quadro, Mansueto considera fundamental que se avance nas reformas estruturais, em especial na mudança das aposentadorias e pensões. Sem isso, o governo não recupera a capacidade de investimento. ;Mesmo com a economia da reforma, esse governo não conseguirá aumentar os investimentos acima de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB);, reforçou.
Para o economista Demetrius Borel Lucindo, sem a reforma da Previdência, ;o Brasil vai enxugar gelo;. ;Ou viverá uma grecilização (uma alusão à crise vivida pela Grécia). Vamos ter problemas sérios de desemprego, juros e inflação;, destacou. Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, salientou que a aprovação da reforma ;não é uma bala de prata, mas aumentará a confiança dos agentes econômicos;.
No relatório executivo apresentado pelo Tesouro, há a observação de que ;nesse contexto, diante das atuais circunstâncias e sem contar com o bônus de assinatura do leilão do excedente de cessão onerosa, repetir o resultado primário do ano passado já seria um enorme ganho;. No acumulado do ano, até maio, o deficit primário foi de R$ 17,5 bilhões.
Mansueto explicou que, apesar do deficit do mês passado, R$ 13,9 bilhões não foram gastos nos ministérios. O Ministério da Saúde, sozinho, teve R$ 3,6 bilhões ;empoçados;. O Tesouro Nacional também fez projeções para os próximos anos. A trajetória de crescimento da dívida pública, iniciada em 2014, seria revertida em 2022 após chegar ao pico de 82,2% do PIB.