Jornal Correio Braziliense

Economia

Cenário com juro da Focus produz inflação em torno da meta para 2020, diz BC

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deram nesta terça-feira, 25, novas indicações de que a Selic (a taxa básica de juros), atualmente em 6,50% ao ano, pode passar por um processo de cortes nos próximos meses. Na ata do encontro da semana passada, publicada nesta terça, eles reforçaram que o horizonte relevante para a política monetária inclui "principalmente o ano-calendário de 2020". Além disso, pontuaram que os cenários com taxas de juros constantes - ou seja, com a Selic a 6,50% ao ano - "produzem inflação um pouco abaixo da meta para 2020". A meta para o próximo ano é de 4,0%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (inflação de 2,5% a 5,5%). Na projeção do cenário de referência do BC, que traz juros constantes para todo o horizonte relevante e câmbio a R$ 3,85, a projeção da inflação para 2020 está em 3,7%. No mesmo trecho da ata desta terça, o BC lembrou que os cenários que consideram a trajetória de juros extraída da pesquisa Focus, "que embutem provisão de estímulos monetários adicionais, produzem inflação em torno da meta" para 2020. No Focus, desde a semana passada, o mercado financeiro projeta três cortes da Selic ainda em 2019, a partir de setembro, o que faria a taxa encerrar este ano em 5,75%. Nas projeções do BC que consideram o Focus, a inflação terminaria 2020 em 3,9% - portanto, bem próxima da meta para o ano. Ao abordar as projeções recentes de inflação, os membros do Copom também voltaram a registrar que os níveis de diversas medidas de inflação subjacente "encontram-se em níveis apropriados". No caso das projeções de mais curto prazo, eles "pontuaram que o recuo da inflação de alimentos e movimentos recentes favoráveis nos preços de combustíveis e de energia elétrica tendem a produzir inflação mais baixa do que o previsto anteriormente". De acordo com o BC, "essas revisões explicam parte substantiva da queda nas projeções condicionais para o IPCA de 2019". Preços administrados O Banco Central também alterou suas projeções para a alta dos preços administrados em 2019 e 2020, conforme a ata do último encontro do Copom. Para este ano, o índice calculado caiu de 5,3% para 3,9% no cenário de mercado. No caso do próximo ano, o porcentual cedeu de 5,0% para 4,6%. As estimativas anteriores constavam na ata do encontro de maio do Copom. O cenário de mercado utiliza como parâmetros as projeções para câmbio e juros do Relatório de Mercado Focus. No cenário de referência, que utiliza como parâmetros câmbio constante a R$ 3,85 e juros constantes a 6,50% ao ano, a projeção para a alta dos preços administrados em 2019 passou de 5,6% para 3,9%. No caso de 2020, foi de 5,1% para 4,6%. Na segunda-feira, 24, o Focus indicou que a estimativa para 2019 no mercado financeiro é de elevação de 5,20% dos administrados. Para 2020, a expectativa está em 4,40%. As projeções para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado mantivesse na semana passada a Selic (a taxa básica de juros) em 6,50% ao ano. Foi o décimo encontro consecutivo em que o colegiado não alterou a taxa básica.