As sinalizações de afrouxamento monetário aqui e no exterior tiveram reflexos diretos no mercado futuro de juros doméstico, que registrou queda em toda a curva nesta sexta-feira, 21, pós-feriado. O aceno do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a reforma da Previdência deverá abrir caminho para cortes da taxa Selic levou diversas instituições a alterar suas projeções para a taxa básica neste ano, ampliando o espaço para cortes.
Complementarmente, o apetite por risco no cenário externo também contribuiu para a queda das taxas, levando em conta a queda do dólar ante o real, num reflexo do otimismo dos investidores na quinta-feira, quando os mercados brasileiros estiveram fechados.
Ao final dos negócios na etapa regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2020 teve taxa de 5,98%, ante 6,08% do ajuste de quarta-feira. O vencimento de janeiro de 2021 projetou 5,85%, contra 6,02% do ajuste anterior.
Na ponta longa, o DI para janeiro de 2023 ficou com taxa de 6,67%, de 6,91%. O vencimento de janeiro de 2025 fechou com 7,20%, ante 7,42%. A exceção ficou com o DI curtíssimo, de julho de 2019, que foi ajustado de 6,37% para 6,40%, devido à frustração de apostas minoritárias de que um corte da Selic poderia ter sido feito ainda na reunião de junho.
"Já não se discute se haverá ou não corte de juros este ano no Brasil. O que se discute agora é o tamanho do ciclo e se há espaço para aceleração dos cortes", disse Maurício Patini, gestor de renda fixa da Absolut Invest.
Para Patini, as movimentações em torno da tramitação da reforma da Previdência ganham ainda mais importância daqui em diante, dada a condição sinalizada pelo Banco Central no comunicado da reunião de política monetária. "Se realmente o texto passar na Câmara até 15 de julho, a expectativa é de corte da Selic já na reunião do Copom no final do mês", afirma.
Entre as instituições que alteraram a previsão para a Selic está o JPMorgan, que agora espera três cortes este ano, reduzindo a taxa para 5,75% ao final de 2019. Anteriormente, a estimativa do banco americano era de que a taxa fosse terminar o ano nos atuais 6,5%. O JP projeta que o Copom começará a cortar os juros na reunião de julho, com redução de 0,25 ponto, seguida por outros dois cortes da mesma magnitude em setembro e outubro.
Para o economista-chefe da Guide Investimentos, João Maurício Rosal, o comunicado do Copom foi frustrante para alguns no mercado, que esperavam uma sinalização incondicional de afrouxamento monetário. Por outro lado, diz, ele reforça que o início de um ciclo de reduções da Selic é inevitável.